segunda-feira, 18 de novembro de 2013

TEOLOGIA HISTORICA-MARTINHO LUTERO

Introdução O ponto decisivo da Reforma Protestante e da doutrina da igreja em geral, foi a experiência de um monge agostiniano em cela monástica - Martinho Lutero. Pois não apenas ensinou doutrinas diferentes, outros já o haviam feito, como Wyclif e Hus, mas nenhum destes precursores da Reforma contra o sistema papado conseguiu a sua meta. O único homem que conseguiu romper com o catolicismo romano e transformou o mundo inteiro, foi Lutero1. Isso se deu em sua ênfase doutrinária. Justificação somente pela fé em Cristo foi um divisor das águas entre igreja católica romana e a igreja protestante ou evangélica. Ou seja, o protestantismo nasceu da luta pela doutrina da justificação pela fé somente. Segundo Lutero, essa não era meramente uma doutrina entre demais, mas o “resumo da toda doutrina cristã”, o artigo pelo qual a igreja se mantém ou cai2. Em 1537, Lutero vigorou este artigo, onde afirma “nada neste artigo pode ser abandonado ou atingido, mesmo no céu e na terra, e as coisas temporais devem ser destruídas”. Porém, ele estava ciente de que essa doutrina era rara de ser mantida e que poucas pessoas estavam aptas a ensiná-la fielmente. É curioso saber que, o ódio do reformador Martinho Lutero, não estava na pessoa do Papa, mas apenas o conteúdo do que estava sendo propagado superficialmente sem nenhum compromisso com o evangelho. Nota-se bem como Lutero afirma em sua obra Explanações das Noventa e Cinco Teses, na qual mostrou a luta interna pela qual estava passando, tentando se apegar à tradicional doutrina católica acerca da supremacia papal e o poder das chaves; pois Lutero percebeu a existente do sistema papado na prática, raramente era conciliável com o evangelho da graça3: Eu não posso negar que tudo o que papa faz deve ser suportado, mas me entristece que eu não possa provar que o que ele faz é o melhor. Embora, se eu fosse discutir a intenção do papa, sem me envolver com sua prestação de serviço mercenária, eu diria, brevemente e com confiança, que se deve assumir o melhor sobre ele. A igreja necessita de uma reforma, que não é o trabalho de um homem, a saber, o papa, ou de muitos homens, a saber, os cardeais, o que o mais recente concílio demonstrou, mas é o melhor de todo o mundo, de fato, é trabalho de Deus somente. Entretanto, somente Deus, que criou o tempo, sabe o tempo para esta reforma. Nesse meio tempo, não podemos negar tais erros manifestos. O poder das chaves é abusado e escravizado pela cobiça e ambição. A expectativa de Lutero em sua obra Explanações enviada ao então papa Leão, com um espírito da humildade de pedir desculpas, seria o término da questão. Ele não sabia que por esse momento, o papa e sua corte decidira condená-lo e excomungá-lo. Felizmente a agenda não foi concretizada, no momento, e foi adiada por causa de agitações políticas vigentes entre a igreja e o sacro Império Romano. Entretanto, era urgente eleger um imperador que sucederia Maximiliano; o candidato mais forte era o Rei Carlos I, da Espanha – mais tarde foi batizado com o nome de Carlos V – porém sua eleição fosse uma catástrofe para a política do papa Leão4. Em 1519, em um debate em Leipzip com João Eck von Ingolstadt, Lutero foi conduzido pelo ardiloso a declarar que a supremacia da Bíblia é superior à do Papa e dos concílios, e que esses últimos tinham errado. Eck o acusou de ser o discípulo de João Hus. Em 1520, Lutero publicou três obras importantes para sua vida reformada, tratam se de: A Liberdade de um Cristão, Discurso à Nobreza Germânica e O cativeiro Babilônico da Igreja. Segundo Gonzalez5, Lutero endereçou a obra ao papa Leão junto a uma magna carta reconciliadora na qual ele reivindicava que Leão era como “um cordeiro no meio dos lobos”, ou “Daniel entre a cova dos leões”. Tendo um espírito de conciliador, em nome da liberdade cristã, Lutero explica seu entendimento fundamental da vida cristã e as outras duas obras, entretanto, o guiaram ainda mais longe da igreja romana6. Martinho Lutero Martinho Lutero, sem dúvida alguma foi o mais importante teólogo cristão do século 16, e um dos pensadores cristãos mais pesados na tradição evangélica. De modo que, merece uma breve descrição bibliográfica, para que possa saber de fato quem era ele. Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Alemanha; seu pai camponês e minerador de cobre, que queria que o seu filho fizesse a Faculdade de Direito. Conforme registra Heikon Oberman apud Piper7 “Não existe quase nenhuma informação sobre os primeiros 18 anos que guiaram Lutero à Universidade de Erfurt”. O preparo religioso de Lutero teve como base aquela piedade simples da família alemã na Idade Medieval. Na sua infância até a idade adulta, foi radicalmente piedoso, mas sem exageros, mostrando alegria de viver. Segundo Nichols,8 Lutero obedeceu ao pedido de seu pai e, aos dezoito anos, ingressou na mais famosa Universidade alemã, a de Erfurt, com o propósito, como era o desejo do seu pai, de estudar Direito. Durou quatro anos nos estudos preliminares da sua futura carreira profissional, aprofundando-se na filosofia medieval, a profissão que não foi exercida devido a sua vocação monástica. Em 1501, nesta Universidade, iniciou a estudar filosofia de Aristóteles sob a influência de professores que seguiram as teorias nominalistas de Guilherme de Ocam. Ocam ensinava que a revelação era o único meio no campo da fé, mas a razão era o guia absoluto da filosofia. Nestes estudos filosóficos o convenceram-no da necessidade da intervenção divina para que o homem alcançasse a razão espiritual e se salvasse. Em 1502, ele recebeu o seu grau de bacharel em artes e, em 1505, o de mestre em artes9. No dia 2 de julho de 1505, aconteceu uma experiência com Lutero parecida à de Paulo em Damasco, a caminho de casa, vindo da Universidade Erfurt, no qual foi atingido num temporal e derrubado no chão por um relâmpago e gritou: “Ajude-me, santa Ana, virei um monge”. Ele tinha medo de morrer e ser lançado no inferno, porque não tinha ainda certeza da sua salvação. Isso lhe fez escolher segunda via, ir para o mosteiro agostiniano. Duas semanas mais tarde, mesmo com tristeza do pai, Lutero honrou o seu voto. Em 17 de julho de 1505, bateu no portão dos eremitas agostinianos em Erfurt e pediu ao chefe do convento para aceitá-lo na ordem. Mais tarde, confessou que essa decisão fora um pecado vergonhoso, pois havia sido tomada contra a vontade de seu pai e por medo de morrer e ser lançando no Inferno, Nichols nos registra a situação de Lutero antes de se tornar o reformador10: Antes de se revelar como reformador, Lutero teve uma vida muito agitada. Entrou no mosteiro em 1505, foi ordenado em 1507, em 1508 foi a Wittenberg, em 1509 a Erfurt, em 1511 foi convidado para ensinar na Universidade de Wittenberg, cidade em que residiu daí por diante. No verão de 1511, a negócios de sua Ordem, fez uma visita a Roma, visita que tem sido muito mal entendida. Rezou em muitas igrejas e lugares sagrados de santos e de mártires. Viu muitas relíquias e ouviu muitas histórias dos seus poderes milagreiros. Para livrar seu pai do purgatório subiu de joelhos a Scala Sancta, a escala que se diz ter sido trazida da casa de Pilatos, repetindo em cada degrau, o Pai Nosso. Ao chegar ao topo surgiu-lhe uma pergunta: “Quem sabe se tudo isto é verdade?” Mas isso logo passou, apesar de escandalizado com muita coisa que vira em Roma. Não obstante, sua fé na igreja não sofreu arrefecimento.Voltou ao mosteiro e ao seu ensino. Em 1512, tornou-se doutor em teologia em Wittenberg. Depois ele próprio confessou, que a esse tempo era ainda ignorante do Evangelho. Nesta visita de Lutero a Roma via ali uma fé mecânica e daí fazia tudo para obtê-la “subiu a escala de Pilatos, em que Cristo supostamente caminhou. Lutero orava e beijava degrau à medida que prosseguia [...]”, contudo suas dúvidas ainda fervilhavam; poucos anos depois voltou para Wittenberg onde terminou o seu doutorado em 151211. Nota-se que o que Lutero fazia em sua época estava em base da sua educação paterna e tradição da igreja romana e tendo o estilo medieval como o único guia da segurança da salvação. No período patrisco, a vida monástica era tida com evidência da força própria no que se refere a matéria da salvação, levando em conta, as renúncias dos bens, isolamento do mundo e viver mais perto de Deus. Lutero, na verdade era um candidato de primeira mão que poderia passar neste critério humano e sem necessariamente saber do quão valor e significado da morte expiratória de Cristo à humanidade. Mais tarde foi nomeado para a cadeira de teologia e filosofia de Wittenberg, que se achava vaga. A nomeação foi feita por Staupitz, vigário geral da ordem agostiniana de Saxônia, por conselho de Frederico, o sábio, Eleitor de Hanover. Lutero era agora até um certo ponto senhor de seu tempo, e podia dedicar-se ao estudo da Bíblia. A solidão da sua cela era muito convincente para esse fim, e ele estudava com um zelo pouco vulgar. Fazia esforços extraordinários para reformar o seu modo de viver, e para expiar o passado por meio de orações e penitências, e foram muitos os votos que ele fez para se abster do pecado, mas estes esforços nunca o satisfizeram, e quebrava sempre os seus votos. “E em vão”, dizia Lutero tristemente a Staupitz, “que eu faço tantas promessas a Deus: o pecado é sempre o mais forte”. Staupitz discutia brandamente com ele, e falava-lhe de amor de Deus e que Deus não estava zangado com ele, como Lutero suponha; mas o monge continuava desconsolado. “Como posso eu ousar crer na graça de Deus”, dizia ele “se é certo que ainda não se operou em mim uma conversão? Preciso necessariamente mudar de vida para ser aceito por Ele”. A sua ansiedade tornou-se mais profunda do que nunca, e os seus esforços para apaziguar a justiça divina continuavam com um zelo incansável. “Eu era na realidade um monge piedoso”, escreveu anos depois, “seguia os preceitos da minha ordem com mais rigor do que posso exprimir. Se fosse possível a um monge obter o Céu por suas obras monacais eu era, certamente um dos que tinha direito a isso. Todos os frades que me conheceram podem ser testemunhas. Se tivesse continuado por muito mais tempo as minhas penitências ter-me-iam levado à morte, a força de vigílias, orações, leituras e outros trabalhos12. Com toda piedade do monge agostiniano, Martinho Lutero, mesmo assim, não conseguia dar-lhe descanso o qual estava em busca. Pois essa verdade foi alcançada quando teve um encontro com a palavra de Deus, e daí foi achado pela justiça divina presente nas Santas Escrituras. Lutero e a Epístola aos Romanos Torna-se difícil negar que a experiência de Paulo não era parecida a de Lutero. Paulo julgava que estava certo em busca da sua vida impecável diante dos preceitos que ali rodeavam “quando ao zelo perseguia a igreja, quanto à justiça que há na lei, eu era irrepreensível”13. Mais diante deixou claro que não foi convertido mediante este cumprimento fervoroso mas “a ser achado nele, não tendo por minha justiça que procede da lei, mas sim a que procede da fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé”14. E Lutero se achava impecável em seus esforços de cumprir na íntegra toda exigência monástica, contudo consciente de que diante de Deus nada era. A genuína conversão de Lutero se deu quando começou ensinar disciplinas relacionadas às Escrituras. Em 1515 iniciou a lecionar sobre carta de Paulo aos Romanos, onde a sua alma foi consumida pelas palavras de Paulo. Lutero podia explicar como se achava diante dos homens “Minha situação era que, apesar de ser um monge impecável, eu me punha diante de Deus como um pecador perturbado por minha consciência e não tinha confiança de que meus méritos poderiam satisfazê-lo”. Entretanto, consciente da limitação dos méritos humanos perante o Todo Criador, lhe fez voltar meditar na Bíblia, particularmente na Epístola aos Romanos, com vista de conseguir uma resposta sólida na qual pudesse acalmar duma vez para toda a sua alma: Noite e dia eu ponderava, até que via conexão entre a justiça de Deus e a afirmação de que ‘o justo viverá pela sua fé’. Então, entendi que a justiça de Deus é a retidão pela qual a graça e a absoluta misericórdia de Deus nos justificam pela fé. Em razão desta descoberta, senti que renascera e entrara pelas portas abertas do paraíso. Toda Escritura passou a ter um novo significado [...] esta passagem de Paulo tornou-se para mim, o portão para o Céu15. Quando Lutero descobriu a justiça de Deus em Rm 1.17 “o justo viverá pela sua fé”, foi ali que o monge lançou de fora todas as suas vestiduras das obras meritórias e rendendo assim a graça salvadora mediante a fé somente em Jesus Cristo. É curioso saber que o contexto pelo qual Lutero descobriu esta doutrina salvífica somente em Cristo, e não pelas obras. Foi convocado a lecionar na Universidade de Wittenberg, a cidade em que residiu daí em diante. Este convite era uma estratégia da autoridade eclesiástica do sistema papado, no sentido de tapar a voz do Lutero contra as autoridades exploratórias dos pobres, as quais eram compostas pelas classes altas e médias da igreja Romana. Contudo, foi nesta Universidade que Lutero encontrou com a verdade acerca da graça divina para com os pecados na literatura de Bernardo de Claraval. Mas uma coisa mais impressionante: ele era de fato devoto leitor das Escrituras, sobretudo naquilo que se relaciona com o seu ensino teológico em Erfurt. A venda das Indulgências O grande traficante do evangelho da graça, o monge dominicano de Leipzig João Tetzel, tinha vendido as indulgências no mesmo lugar onde estava o próprio Lutero cumprindo com os deveres de confessor do povo de Wittenberg, portanto, era inevitável uma explosão insatisfatória contra o traficante da graça salvadora. Foi assim que Tetzel fez o seu discurso16: Subindo ao púlpito, perto do qual estava colocada uma grande cruz vermelha encimada pelas armas papais, Tetzel começou o seu discurso. Falava alto e animadamente, e fazia do Purgatório uma discrição medonha que fascinava o auditório, despertando em todos a maior solicitude pelas almas dos amigos já falecidos. Falou das grandes vantagens da comodidade que ele proporcionava aos seus ouvintes, pois não havia pecado algum que tivessem cometido que não pudesse lavar com uma indulgência. Ainda mais, estas indulgências eram eficazes não somente com respeito aos pecados presentes, mas também sobre os pecados passados e futuros. E ainda os pecados que os seus ouvintes tivessem o desejo de cometer podiam ser perdoados com antecedência pelas suas cartas de absolvição “eu não trocaria o meu privilegio”, disse o monge Loquaz, “pelo de S. Pedro no Céu, porque eu tenho salvo mais almas com as minhas indulgências do que o apóstolo com seus discursos”. O discurso do monge dominicano Tetzel tinha um impacto tremendo aos seus ouvintes, pois conseguia persuadir o auditório que ali estavam presentes corpos clérigos e leigos, para que eles escutassem os gritos insolentes de seus familiares já mortos sofrendo no Inferno. Portanto, há ainda chance para lhes libertar daqueles castigos eternos, com exclusividade uma única via “colocar quantia de dinheiro na caixa”. Letzel pregava com tanta eloquência distorcidamente a natureza da salvação. Pois insistia que quando coloca moeda na caixa, inevitavelmente a alma da família já morta liberta-se do Purgatório dirige-se para o Céu. Segundo ele, quem não pagar o dinheiro, é ele mesmo que detém ou que mantêm a alma da família do Inferno. Estas observações eram escutadas com uma atenção extraordinária, mas os seus apelos a favor dos mortos produziram ainda mais resultado “Padres, nobres, mercadores, esposas, moços, moças”, exclama ele “ouçam a vossos pais e amigos já mortos, gritando-vos do abismo profundo: ‘Nós estamos sofrendo um martírio horrível! Uma pequena esmola nos poderia salvar; vós podeis dá-la, e contudo não quereis fazer!. Ouçam estes gritos, e saibam que logo soa uma moeda no fundo da caixa a alma solta-se do Purgatório e dirige-se em liberdade para o Céu... Como sois surdos e desleixados! Com uma insignificante quantia podeis livrar o vosso pai do Purgatório, e apesar disso sois tão ingratos que não comprais sua liberdade! No dia do juízo eu serei justificado, mais sereis castigados tanto mais severamente por terdes desprezados tão grande salvação17. “Tão logo a moeda no cofre ressoa, a alma sai do Purgatório”. Essa era a curta frase musicada do propagado de João Tetzel (morreu no ano 1519), o homem autorizado para conseguir dinheiro para construir uma nova basílica em Roma seu esquema para o levantamento de fundo era vendas de indulgências. Era assim, dizendo, o trafico da salvação. Justificação Pela Fé Somente Segundo Berkhof18 “Foi sobretudo o sistema de penitências, desenvolvido pela Igreja católica romana, e o trafico das indulgências, intimamente vinculado àquele sistema, que deu ímpeto a Lutero para iniciar sua obra reforma”. Lutero teve contato com a Epístola aos Romanos em 1513, foi convidado em 1511 para ensinar na Universidade Wittenberg, onde ali obteve o seu grau de doutorado em 1512. Contudo, contatado já com seus anos de agitações, dúvidas, ódios sobre poderes papados de forma pelos quais exploravam os pobres e vendiam a salvação. Lutero já estava revoltado com estas práticas, que sua forma de pregar na Capela de Wittenberg, atraia multidão para escutá-lo, pois não contava as tradições como os outros pregadores costumavam fazer, mas podia expor as Escrituras de maneira impressionante ao auditório. Pode se afirmar que, a reforma não aconteceria no ano 1517, se não houvesse um propagador daquilo que Lutero já estava questionando alguns anos anteriores. Neste mesmo ano, Lutero apresentava uma tese ao público, com caráter de babate contra os poderes eclesiásticos, expondo claramente suas discordâncias e dúvidas sobre os pensamentos teológicos/filosóficos. Lessa nos registra o momento exato em que a tese foi apresentada19: Para o dia 4 de setembro de 1517,quando da formatura de Franz Guenther de Nordheusen20 Lutero organizou uma série de teses que, em sua grandeza, puseram em dúvida os fundamentos teológicos e filosóficos da escolástica. O próprio Lutero as remeteu (certamente impressas) a Erfurt e Nuremberg, disposto a defende-las diante de ilimitado publico, consciente que sai teologia não deveria perder-se sem eco. Trata-se de noventa e oito sentenças curtas altamente significativas. Pode se constatar alguns artigos, de forma que Lutero ataca francamente os aristotélicos: “Quase toda ética de Aristóteles é ruim e enigma da graça” (tese 41). “É engano julgar que a opinião de Aristóteles sobre a bem-aventurança não contraria a doutrina católica” (tese 42) . “Também é engano dizer: sem Aristóteles, ninguém pode ser teólogo”(tese 43). “Acontece, porém, que ninguém poderá chegar a ser teólogo se não souber sê-lo sem Aristóteles” (tese 44). Foi assim, que Lutero resumiu a suposta teologia aristotélica a qual era adotada pelo movimento escolástico surgido desde século 12. “Em suma todo Aristóteles vala para a teologia o que representam as trevas para a luz” (tese 50)21. Segundo Curtis22 quando João Letzel propagava as indulgências Lutero “redigiu uma lista de 95 queixas e a afixou na porta da igreja, também servia quadro de avisos a comunidade. O perdão divino certamente não poderia ser comprado e vendido, dizia Lutero, uma vez que Deus oferece gratuitamente”. Para Nichols23 nas universidades medievais era costume apor-se, em lugares públicos, a defesa ou ataque de certas opiniões. Esses escritos denominados “teses” nas quais se debatiam as ideias e se convidavam todos os interessados para o debate. “Em 31 de Outubro, véspera de Dia de todos os santos, quanto enorme multidão comparecia à Igreja do Castelo, na cidade de Wittenberg, Lutero colocou às portas dessa igreja as 95 teses que travam de caso das indulgências”. Lutero ataca fortemente o sistema papado “O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais” (tese 6). E continua “O papa não pode perdoar dívida senão declarar e confirmar aquilo que já foi perdoada por Deus [...]” (tese 7). Lutero julgava que seria bom “ensinar aos cristãos que dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências” (tese 43). Lutero chegou ao fundamento da doutrina das indulgencias, ao definir o tesouro da igreja. Não estariam em questões as obras humanas excedente de Jesus, mas “o verdadeiro tesouro da igreja é o santíssimo evangelho da glória da graça de Deus” (tese 62). É por isso que seria falso limitar a pregação do evangelho no conjunto das igrejas, enquanto se propagam as indulgências (tese 53-55). Ou seja, Lutero evocou as incertezas teológicas quanto ao assunto das almas no Purgatório e do poder da Igreja a seu respeito. No máximo poder-se-ia falar sobre a intercessão do papa, porém não da remissão das penas em virtude do poder das chaves (tese 27)24. Para Lienhard todo o sistema parece ter sido posto em questão quando Lutero disse que “qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão plena de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgências” (tese 36). Destaquemos principalmente a relativização do ministério sacramental do papa e do clero de forma geral quando Lutero afirmar que “o papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus” (tese 6). A remissão que ele dá, não passa de “um anúncio da remissão divina” (tese 38). Todos estes temas podem ser canonizados como ortodoxos, como uma crítica justificada aos abusos da prática de indulgências e como contribuição à debate de questões teológicas decisivas, ainda não solucionadas25. Berkhof nos registra como explodiu o apego de Lutero em Romanos 1.17, diante da troca da salvação, pelo recurso humano, disse ele que Lutero estava26: Mesmo profundamente imerso em obras penitenciais quando com base em Romanos 1.17, raiou-lhe verdade que o homem é justificado exclusivamente pela fé, e ele pôde entender que o arrependimento, exigido em Mateus 4.17, nada tem em comum as obras de preparação postuladas pelo romanismo; antes, o arrependimento consiste de real contrição íntima do coração, como o fruto da graça de Deus com exclusividade. Segundo Beeke27 (1995, p.47) “A frase ‘justificação pela fé somente’ foi a chave que abriu a Bíblia para Lutero. Ele veio a entender cada uma dessas quatro palavras em relações às outras à luz da Escritura e do Espírito”. Berkhof28 sustenta que Lutero foi iluminado para entender que a questão realmente no arrependimento não é confissão auricular parente de um “padre”, o que não encontra base nas Escrituras, nem reparação alguma prestada pelo homem, todavia, Deus perdoa gratuitamente ao pecado; mas o que vale é o pesar de todo o coração devido ao pecado, é a convicção firme de levar uma vida nova; é a graça perdoadora de Deus em Cristo. Porquanto, Berkhof entendeu que Lutero centralizou uma vez mais a doutrina do pecado e da graça dentro da doutrina de salvação, afirmando que a doutrina da justificação exclusivamente pela fé, é “o artigo de uma igreja que permanece de pé ou cai”. O resultado disto tudo segundo Berkhof é que, a Reforma rejeitou tudo quanto era mais distintivamente medieval, teologicamente falando, como as indulgencias, as penitencias expiatórias, a absolvição sacerdotal da crença do catolicismo romano, as obras de supererrogação e a doutrina dos méritos humanos. Segundo MacArthur29 “Não há doutrina mais importante para a teologia evangélica do que a justificação pela fé somente — o princípio sola fide da Reforma [...]”. Essa doutrina foi defendida pelo apóstolo Paulo no primeiro século da era cristã, sem dúvida alguma, na pregação paulina a doutrina justificação pela fé predominou o aspecto soterológico. Talvez, foi nesta perspectiva que alguns teólogos afirmaram que justificação pela fé é o tema central de todo pensamento paulino. No quarto século depois de Cristo, Agostinho de Hipona, foi conhecido como o doutor da graça de forma como ele defendia a justificação pela fé somente por meio da graça. Por volta de 1500 anos Deus agiu na história do cristianismo, como sempre faz na história do seu povo quando querem inverter seu propósito. Não é demais afirmar que, a reforma protestante conquistada pelo veterano da fé da igreja evangélica conservadora, o padre e professor Martinho Lutero, em sua iniciativa de resgatar a graça salvadora que dantes era trocada pelas obras (indulgências) nas mãos dos papas ou autoridades eclesiásticas. Segundo ele, nenhum homem ou Papa, seja quem for, pode deter a salvação ou ser libertador do homem, garantindo-lhe a vida eterna. Lutero queria dizer que o homem é apenas proclamador do reino para que as pessoas possam ser salvas pela fé mediante a graça salvadora em Jesus. Venden30 afirma que “o repentino vislumbre, de Martinho Lutero, na famosa escadaria, de que o justo viverá pela fé, foi um importante marco na reforma protestante”. Se não queremos desviar a verdade podemos definir os evangélicos como aqueles que creem na justificação pela fé somente, como está escrito na Bíblia: “Ora o salário daquele que trabalha não lhe é atribuído como o favor, mas como dívida; contudo, ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, sua fé lhe é atribuída como justiça”31. Segundo Ridderbos32 na teologia da reforma a justificação pela fé que governa todo pensamento paulino, tendo Lutero como preeminente, em sua luta contra a visão católica romana, sobretudo nas declarações judiciais encontradas nas cartas aos Romanos e Gálatas eram de suma importância fundamental. Essa concepção reformada nas cartas de Paulo foi determinada particularmente por sua doutrina da justificação pela fé. Para Lutero, esta doutrina foi “único princípio e critério para toda a doutrina da salvação do Novo Testamento, o cânon do cânon...”. João Calvino por sua vez, defendia a doutrina de Paulo como a chave para entender todo o conteúdo do evangelho; pois a tradição calvinista no que se refere à matéria da fé, sustentava que evangelho da justificação somente pela fé sem as obras da lei, assumiu o lugar de ser o único poderoso meio de libertar a consciência de seus fardos. Para pôr em prática a essência da justificação pela fé somente, Lutero teria que pagar o preço; pois após da fixação da sua tese, sem demora, houve reação de mediata quando ao teor das ideias divulgadas por Lutero chegaram ao papa Leão e passou a condenar severamente, exigindo mudanças em sua posição. Ao contrário, Lutero dá mais fôlego às suas ideias reformistas ao publicar uma série de obras, entre elas “Da liberdade Cristã” e “Do Cativeiro Babilônico da Igreja”, passando a atacar fortemente os sacramentos e o papado de modo mais incisivo que de início. O marco de sua total separação da igreja deu-se em 1521, quando foi excomungado. Lutero passou a ser severamente perseguido, tendo sido obrigado a refugiar-se no Castelo de Wartburg. O movimento reformista, desencadeado por suas ideias, tornou-se então independente de sua participação, passando inclusive por várias divisões internas. Em Wartburg, Lutero dedicou-se à célebre tradução do Novo Testamento para o alemão, a tradução que se tornou o padrão para a língua alemã33 . Contudo, Lutero recebeu dura crítica pelos papistas e exegetas católicos, após da publicação da tradução da bíblia, principalmente em Romanos 3.28 onde em sua versão se consta a seguinte tradução: “Sustentamos que o homem é justificado somente pela fé, sem as obras da lei”. A crítica tinha sido levada por ter verificado o termo “somente” que Paulo não tinha escrito, a não ser o termo “sem”, Lutero escreve uma carta aberta respondendo essa crítica destrutiva34: Recebi sua carta com as duas questões ou perguntas, sobre as quais solicita minha posição: primeiramente, por que eu, no terceiro capítulo da Epístola aos Romanos, versículo 28, traduzi as palavras de Paulo [...], como “Sustentamos que o homem é justificado somente pela fé, sem as obras da lei”; e além disso, nela também observa que os papistas se enfurecem extremamente porque no texto de Paulo não consta a palavra sola (somente) e não se poderia tolerar um tal acréscimo de minha parte à Palavra de Deus etc. No decorrer desta carta, Lutero explica que apesar de ter acrescentado sola fide, não era intenção humana, mas faz no máximo possível para entender a linguagem paulina na língua alemã35: A vocês, porém, e aos nossos quero mostrar por que eu quis usar a palavra sola, embora em Romanos 3, 28 não tenha utilizado sola, mas solum ou tantum. Com quanta exatidão veem meu texto, os asnos! Contudo, utilizei em outro lugar sola fide, e quero manter ambas, solum e sola. Ao traduzir, esforcei-me em escrever um alemão puro e claro. E aconteceu-nos muitas vezes passarmos catorze dias, três, quatro semanas, buscando e perguntando-nos por uma única palavra, e, contudo, às vezes não a encontramos. O Dr. Lutero, foi muito duro com seus adversários, papistas até no ponto de lhes considerar como sinônimo do jumento, pois nega qualquer relação educacional ao submisso papal, contrapondo, os papistas deveriam ser os seus alunos. Para fundamentar sua vangloria humana, Lutero faz menção do apóstolo Paulo em sua vangloria contra seus contemporâneos cristãos insensatos36: Voltando novamente à questão. Se o seu papista quer incomodar-se bastante com a palavra sola-somente, diga-lhe logo: o doutor Martinho Lutero quer assim e diz que papista e asno é a mesma coisa. “Sic uolo, sic iubeo, sit pro ratione uoluntas” [“assim quero, assim ordeno, tome-se a vontade por razão”]. Pois não queremos ser alunos nem discípulos dos papistas, mas seus mestres e juízes. Queremos por uma vez também gabar-nos e vangloriar-nos com essas cabeças de asno. E como São Paulo se gloria contrapondo-se aos santos insensatos, assim também eu quero gloriar-me contrapondo-me a esses meus asnos. Eles são doutores? Eu também. Eles são eruditos? Eu também. Eles são pregadores? Eu também. Eles são teólogos? Eu também. Eles são argumentadores? Eu também. Eles são filósofos? Eu também. Eles são dialéticos? Eu também. Eles são preletores? Eu também. Eles escrevem livros? Eu também. Em espírito do apóstolo Paulo, nesta luta pelo resgate da doutrina central da Bíblia, que o próprio Paulo já estava combatendo contra estes inimigos do evangelho da justiça, de modo que Lutero elegeu Paulo como o maior defensor de sola fide, Lutero apud Armstrong37: Observe, então, se Paulo não afirma mais veementemente do que eu, que a fé somente justifica, embora ele não use a palavra “somente” (sola), que eu venho usando. Porque quem diz: As obras não justificam, mas a fé justifica, suficientemente afirma ridículo argumentar dessa maneira sofista: A fé somente justifica; portanto o Espírito Santo não justifica. Ou O Espirito justifica, portanto não é a fé somente. Pois a questão aqui não é essa. Ao contrário, a questão é só sobre a relação de fé e obras, se algo vai ser atribuído às obras na justificação. Visto que o apostolo não atribui nada a elas, ele sem dúvida atribui tudo à fé somente. O que Lutero tinha em mente a respeito do que apóstolo quis dizr realmente é tão obvio. A questão aqui não se refere apenas o termo “somente”, mas acima de tudo é questão da relação de fé e as obras. Ou seja, em Paulo as obras não tiveram papel quando o pecador fosse justificado por Deus em Cristo, que na verdade essa exclusividade das obras na salvação do homem não se limitava apenas em Paulo, porém teria que ser vivida de geração a geração. Para Paulo as obras tais como: obediências das leis na sua integra, e inclusive cumprimento do ritual da circuncisão de forma alguma garantem a salvação. E segundo Lutero, as obras como: pagar as indulgências e cumprir as normas monásticas em sua totalidade não era o caminho ideal para a salvação do homem; ambos viam o único meio para a salvação é justificação pela fé somente, sem as obras da lei. E, foi isso que Lutero acrescentou “somente”, já que Paulo tinha escrito “o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei” E Lutero disse: “o homem é justificado pela fé somente”. Portanto, se queremos ter um cristianismo puro e sólido numa sociedade tão obscura como essa, só nos basta ter a única fonte da verdade – as Escrituras Sagradas – o único meio da salvação, isto é, somente pela fé em Cristo. Referências Bibliográficas ANGLIN, W. & KNIGHT, A. História do Cristianismo dos Apóstolos do Senhor Jesus ao Século XX. 12.ed. Rio de janeiro: CPAD, 2005. BERKHOF, Luis. História das Doutrinas Cristãs. São Paulo: PES, 1945. BIBLIA SAGRADA, Almeida Século 21. São Paulo: Vida Nova & Hagnos, 2008. CAIRNS, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos. 3.Ed. São Paulo: Vida Nova, 2008. CURTIS, A. Kenneth; LANG, J. Stephen & PETERSEN, Randy. Os 100 Acontecimentos Mais Importantes da História do Cristianismso. São Paulo: Vida, 2003. GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1994. GONZALEZ, Justo L. Uma História do Pensamento Cristão da Reforma Protestante ao Século 20. São Paulo: Cultura Cristã; vol.. 3, 2004. LESSA, Vicente Themudo. Lutero. 5.ed. Rio de Janeiro: PALLAS S.A. 1976. LIENHARD, Marc. Martim Lutero: tempo, vida e mensagem. Rio Grande do Sul: Sinodal & IEPG, 1998. Lutero, Martinho. “Carta aberta sobre a Tradução”. (Trad. de Mauri Furlan) In: Clássicos da Teoria da Tradução. Antologia bilíngüe, vol. 4, Renascimento. Florianópolis: NUPLITT, 2006, 95 -115 MACARTHUR, John Jr; SPROUL, RC.; BEEKE, Joel; GERSTNER, John & ARMSTRONG, John. Justificação Pela Fé Somente. São Paulo: Cultura Cristã, 1995. NICHOLS, Robert Hastings. Historia da Igreja Cristã. 13.Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. PIPE, John. O Legado da Alegria Soberana. São Paulo: Shedd Publicações, 2005. RIDDERBOS, Herman. A Teologia do Apóstolo Paulo. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. 3. Ed. São Paulo: ASTE, 2004. VENDEN, Morris L. 95 Teses Sobre a Justificação Pela Fé. 2. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira Tatui, 1990. __________________________________ 1TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. 3. ed. São Paulo: ASTE; 2004, p.227 2GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova; 1994, p. 64. 3GONZALEZ, Justo L. Uma Historia do Pensamento Cristão da Reforma Protestante ao Século 20. São Paulo: Cultura Crista; 2004, p.37. 4Quando Carlos I, foi eleito o imperador do sacro Império Romano, mantéu um cinturão composto pela Espanha e Alemanha a Oeste e Norte, e Nápoles e Sicília ao Sul; pois o sábio Frederik , era um dos eleitores imperiais, até ele mesmo era provável o candidato comprometido com a dignidade real. No entanto, o papa se sentiu forçado a conceder alguma consideração a seu pior inimigo, Lutero; para quem Frederik exigiu um julgamento justo. Uma seria de negociações atingiu a esfera acadêmica; porque o cardeal Cajetano, o principal defensor do Papa. È curioso notar que durante o processo das negociações não o resultado foi negativo, na medida em que as ambas partes tornaram cada vez mais conscientes de que o que se era o objeto da controversa entre eles, mais o que a questão da indulgencias, pois eram duas conceições extremante opostas da crista (ibidem p.38). 5Gonzalez 2004, p. 38. 6Quando Lutero estava preparando para publicar seu tratado , João Eck chegou com a bula papal de excomunhão “Levanta-te, ó Senhor, e julga tua própria causa... pois as raposas têm se levantado procurando destruir a vinha”. Foi assim, que a bula iniciou, após de apelar pelo Senhor, Pedro, Paulo e toda Igreja, Leão descreveu os erros de Lutero, condenou-os e excomungou seu autor juntamente com seus seguidores. A bula culminou com o apela a Lutero garantindo lhe que, se ele desistisse, seria recebido com “amor paternal”. A cerimonia oficial da proclamação da bula foi acompanhada em Roma com a queimar os livros de Lutero; o cenário que aconteceu em varias cidades da Alemanha, Holanda etc.. A bula era proclamada em cada nova cidade. Sem demora, Lutero respondeu com ação semelhante onde também reuniu todos os seus estudantes fora dos portões da cidade, em Wittenberg, e queimando copias da lei canônica, dos decretos e de vários tratados de teologia escolástica (ibidem p.39) 7PIPER, john. O Legado da Alegria Soberana. São Paulo: SHEDD Publicações; , 2005, p. 89. 8NICHOLS, Robert Hastings. Historia da Igreja Cristã. 13.Ed. São Paulo: Mundo Cristão; 2008, p. 156. 9CAIRNS, Earle. O Cristianismo Através Dos Séculos. 3.Ed. São Paulo: Vida Nova; 2008, p. 259. 10 Nichols, 2008, p. 157. 11CURTIS, A. Kenneth; LANG, J. Stephen & PETERSEN, Randy. Os 100 Acontecimentos Mais Importantes da História do Cristianismso. São Paulo: Vida; 2003, p. 110. 12KNIGHT, A. & ANGLIN, W. Historia do Cristianismo dos Apóstolos do Senhor Jesus ao Século XX. 12.ed. Rio de janeiro: CPAD; 2005, pp. 211-212. 13Bíblia Sagrada. Almeida Século 21. São Paulo: Vida Nova & Hagnos, 2008. Filipenses 3.4; todas as demais citações serão feitas nessa versão. 14Filipenses 3.9. 15CURTIS, A. Kenneth; LANG, J. Stephen & PETERSEN, Randy 2003, p. 110. 16Anglin & Knigth; 1983, p. 213. 17Anglin & Knigth; 1983, pp. 213-214. 18BERKHOF, Luis. Historia Das Doutrinas Cristas. São Paulo. PES; 1945, p. 195. 19LESSA, Vicente Themudo. Lutero. 5.ed. Rio de Janeiro: PALLAS S.A. 1976, p. 25. 20Isto é, Francisco Günther aluno de Lutero na Faculdade de Teologia de Wittenberg , foi uma banca examinadora a qual presidida por Lutero, para obtenção do grau de seu aluno e orientando bacharel em Teologia; o trabalho que ocorreu com sucesso. 21Lessa 1976, pp. 25-26. 22CURTIS, A. Kenneth; LANG, J. Stephen & PETERSEN, Randy 2003, p. 109. 23Nichols 2008, p. 148. 24LIENHARD, Marc. Martinho Lutero Tempo, Vida e mensagem. Rio Grande do Sul: Sinodal; 1998, pp. 61-62. 25Ibidem, p. 62. 26Berkhof 1945, p. 195. 27MACARTHUR, John Jr; SPROUL, RC.; BEEKE, Joel; GERSTNER, John & ARMSTRONG, John. Justificação Pela Fé Somente. Sao Paulo: Cultura Cristã; 1995, p. 20. 28Berkhof 1945, p. 195. 29MacArthur 1995, p. 11. 30VENDEN, Morris L. 95 Teses Sobre a Justificação Pela Fé. 2.Ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira Tatui, 1990, p. 2. 31Romanos 4.4-5. 32RIDDERBOS, Herman. A Teologia do Apóstolo Paulo: A obra definitiva sobre o pensamento de Paulo aos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 12. 33Curtis, Lang & Petersen (2003, pp. 110-111) nos contam que “Lutero foi excomungado, e seus escritos foram banidos. Para sua proteção, foi levado à força por seu patrono Frederico, o Sábio, e ficou escondido no castelo de Wartburg, Ali, ele trabalhou em outros escritos teológicos e na tradução do Novo Testamento para o alemão popular”. 34Lutero, Martinho. “Carta aberta sobre a Tradução” (2006, p. 1). Em resposta desta acusação de ter deturbar o texto bíblico, Lutero ataca severamente os papistas, a afirmar que: Em primeiro lugar, se eu, doutor Lutero, tivesse podido enganar-me de que todos os papistas juntos fossem tão hábeis a ponto de saberem traduzir bem e corretamente um único capítulo da Escritura, então teria sido muito humilde e lhes teria solicitado ajuda e assistência para a tradução em alemão do Novo Testamento. Mas como eu sabia e ainda posso ver que nenhum deles sabe realmente como se deve traduzir ou falar em alemão, poupei-me a mim e a eles um tal esforço. No entanto, percebe-se bem que eles aprendem a falar e a escrever em alemão a partir de minha tradução e de meu alemão, e roubam-me em muito minha língua, que até então pouco conheciam; porém não me agradecem por isso mas preferem utilizá-la contra mim. Contudo, é com prazer que lhes proporciono isso, pois me agrada estar ensinando a falar a meus discípulos ingratos, que ademais são meus inimigos. 35Lutero 2006, p. 1 36Ibidem, p. 2. 37Armstrong 1995, p. 101.

domingo, 14 de novembro de 2010

História da Igreja: O primeiro século

História da Igreja: O primeiro século

Por Robert Hastings Nichols


1 – JESUS E A SUA IGREJA


[a] Jesus e seus discípulos

Jesus teve "compaixão das multidões" e lutou por alcançar, com o Seu ministério, o maior número possível de pessoas. Mas evidentemente sentiu que poderia fazer muito mais a favor do mundo, tendo ao Seu lado alguns homens escolhidos cheios do Seu espírito para continuarem a Sua obra, do que Ele mesmo levar todo o tempo em pregações públicas. Logo no início do ministério, Jesus convidou alguns para serem Seus companheiros e participantes da Sua missão.



Depois, dentre os que creram nele, fez escolha de doze, para serem Seus companheiros mais íntimos. Numa ocasião também escolheu setenta, aos quais preparou para o ministério especial da pregação. As relações de Jesus para com Seus discípulos, especialmente para com os doze, constituem uma das partes características mais importantes da Sua obra. A estes, ministrou ensinos que não deu aos demais de modo geral, e os preparou, de sorte que, após a Sua volta aos céus, esses apóstolos pudessem revelar um conhecimento perfeito do Mestre, do Seu ensino, da Revelação de Deus, e da Salvação que, pelo Filho, mandou ao mundo; e também a conduta de vida para a qual Cristo chamou todos os homens.


Próximo ao fim do Seu ministério, Jesus dedicou-se mais e mais a esta natureza de trabalho com Seus discípulos. Após a ressurreição apareceu somente aos seus discípulos. Suas últimas palavras foram uma ordem definida para que levassem o anúncio do Evangelho a "todas as nações" e uma promessa de assisti-los com poder, através de todos os tempos enquanto estives sem realizando a sua missão por todo o mundo.


[b] Jesus funda a sua Igreja

Evidentemente Jesus deixou clara a necessidade de haver uma sociedade constituída dos Seus seguidores a fim de oferecer ao mundo o Evangelho e ministrar em Seu espírito, os ensinos que lhes dera. O objetivo era propagar o Reino de Deus. Ele não modelou qualquer organização ou plano de governo para esta sociedade. Não indicou oficiais para exercerem autoridade sobre os membros de tal organização. Credo algum prescreveu para ela. Nenhum código de regras lhe fora imposto. Não prescreveu ordens em formas de culto. Apenas deu aos seguidores os ritos religiosos mais simples: o batismo, com água, para significar a purificação espiritual e consagração ao Seu discipulado; e a Ceia do Senhor, na qual usou um pouco dos elementos mais comuns da alimentação, como uma comemoração ou lembrança dele próprio, especialmente da Sua morte para a redenção dos homens.


Conseqüentemente, em nada do que Jesus fez podemos descobrir a organização da Igreja. Fez mais, do que dar organização: deu vida à Igreja. Ele fundou a Igreja, ou melhor, Ele mesmo a criou.


Jesus formou uma sociedade dos Seus seguidores, agrupando-os ao redor de si mesmo. Comunicou a esse grupo, até onde era possível, Sua própria vida. Seu espírito e propósito. Prometeu dar através dos séculos, vitalidade a esta sociedade, Sua Igreja. E Sua grande dádiva a ela foi o dom dele próprio. Nele, a Igreja teria de encontrar os seus princípios, os seus objetivos, o seu poder. Deixou a Igreja livre para escolher as formas de organização e de culto, afirmações de crença, métodos de trabalho, etc. O propósito de Cristo era que a vida da Sua igreja, isto é, a vida do Salvador latente em Seus seguidores, se expressasse pelos modos que lhes parecessem mais apropriados para a consecução do grande objetivo em vista.


2 - A IGREJA APOSTÓLICA (Até o Ano 100 A.D.)


[a] O começo

Num certo sentido, a Igreja Cristã teve seu nascimento quando Jesus chamou Seus primeiros discípulos. Comumente, porém, se diz que a História da Igreja teve início no dia de Pentecostes que se seguiu à ressurreição, pois foi quando teve começo a vida ativa da Igreja. Após a ascensão de Jesus aos céus, os discípulos, não obstante terem recebido ordens de anunciar o Evangelho ao mundo, permaneceram, todavia, quietos, tranqüilos em Jerusalém.


Estavam aguardando, segundo a ordem do Mestre, o poder prometido que viria do alto. Dez dias depois, no Pentecostes, o Espírito Santo prometido por Jesus veio sobre eles, revestindo-os de poder. Tornaram-se, após, testemunhas intimoratas do Mestre, plenos de nobre atividade.


Verifica-se tal mudança no próprio discurso de Pedro no Pentecostes. O que sucedeu a Pedro naquele dia expressa o espírito de todos os primeiros cristãos, daquele dia em diante. E desde então, a Igreja Crista, como uma comunidade destinada a dar testemunho de Cristo, vem proclamando o Evangelho, edificando o Reino de Deus na terra.


[b] A Extensão da Igreja

A primeira pregação do Evangelho, no Pentecostes, foi dirigida unicamente aos judeus. Por algum tempo talvez dois ou três anos, as missões cristãs eram limitadas aos judeus, começando em Jerusalém e daí estendendo-se a toda a Palestina. Os primitivos cristãos não perceberam logo a extensão do propósito divino, na salvação do mundo. Como hebreus, reconheciam que Jesus era o Messias esperado pelo Seu povo. Portanto o consideravam como Salvador somente ou principalmente dos judeus, apesar de Jesus, por palavras e atos, ter-lhes ensinado coisa diferente.


A perseguição foi o meio pelo qual a Igreja nascente chegou a uma compreensão mais segura do Evangelho que Jesus lhe dera a pregar, e por ela alcançou uma visão mais ampla da obra que Jesus lhe propusera. As autoridades judaicas que tinham tentado embaraçar a pregação evangélica levantaram-se por causa do audaz desafio que foi o discurso de Estevão, e empreenderam uma campanha selvagem, violenta e sistemática contra o Cristianismo, Com esse ataque, a comunidade cristã de Jerusalém que já contava alguns milhares, foi dissolvida. Seus elementos procuraram segurança, espalhando-se por toda a Palestina.


Não obstante fugirem para salvarem a vida e por causa da sua fé, levavam o Evangelho aonde quer que fossem. Alguns deles foram até à grande cidade de Antioquia, na Síria. Ali, os seguidores de Cristo foram, pela primeira vez, chamados "cristãos", nome que, parece, lhes foi dado por zombaria. Nesta cidade, vivendo no meio de uma população grega, esses exilados tornaram Jesus conhecido tanto de gregos como de judeus.


Desse modo certos crentes obscuros e desconhecidos deram o grande passo para tornarem o Cristianismo uma religião universal. Um pouco mais tarde essa Igreja de Antioquia enviou Barnabé e Paulo, os primeiros expressamente designados para pregarem Cristo aos gentios.


Foi Paulo quem concluiu, sob a direção divina, a obra de libertar o Cristianismo. Paulo realizou o que sempre estivera no propósito divino: fazer do Cristianismo uma religião para todos. Daí em diante foi o Cristianismo pregado a todos os homens no mesmo pé de igualdade.


Começando, assim sua grande carreira missionária, o Cristianismo espalhou-se, de sorte que pelo ano 100 A.D. havia igrejas em inúmeras cidades da Ásia Menor e em muitos lugares da Palestina, Síria, Macedônia e Grécia, em Roma e Puteoli na Itália, em Alexandria, e, provavelmente, na Espanha.


Paulo foi naturalmente o missionário que mais contribuiu para esse resultado. O Novo Testamento refere os nomes de alguns outros como Priscila e Áquila. O que a tradição relata sobre a pregação dos apóstolos leva-nos a pensar que todos eles deram testemunho intimorato, levando às plagas mais longínquas as Boas Novas, não obstante conhecermos com mais segurança, apenas o trabalho de Pedro e João.


Todavia, muito da tarefa heróica de tão grande esforço evangelístico foi realizado por discípulos e missionários cujos nomes desconhecemos. Cada crente era um missionário ansioso por oferecer a alegria de que gozava em Cristo, às pessoas que encontrava no trabalho, nas comunidades e em outros meios.


Em virtude do zelo que tinham em anunciar a Cristo e, muito mais ainda, pelo testemunho das suas vidas fiéis que anunciavam o poder de Cristo, esses cristãos desconhecidos foram os mais eficazes missionários sua religião.


[c] A vida da Igreja

Naquele tempo uma igreja cristã era comumente um pequeno grupo de crentes vivendo numa grande comunidade pagã. Quase todos eram pessoas pobres, alguns escravos, embora houvesse cristãos nas classes mais altas, especialmente na igreja de Roma. Em toda parte havia muita coisa que distinguia um cristão dos vizinhos pagãos. Eles se tratavam mutuamente por irmãos em Cristo e realmente agiam como irmãos. Cuidavam desveladamente dos órfãos, dos doentes, das viúvas, dos desamparados.


As coletas e a administração dos fundos de caridade constituíam uma das partes mais importantes da vida dessas igrejas primitivas. Dentro da Igreja todas as distinções foram abolidas. Escravos e senhores foram nivelados. As mulheres alcançaram uma posição de honra e de influência que jamais conseguiram na sociedade profana.


Distinguiam-se também os cristãos por um fervor e pureza moral jamais conhecidos em qualquer parte. As Epístolas de Paulo aos Coríntios nos falam de um povo que estava longe de ser perfeito como era de esperar daqueles recentemente convertidos do paganismo e que viviam no meio das suas tentações. Não obstante, as vidas dos cristãos gentios demonstravam o poder que tem o Evangelho de conceder aos homens uma nova justiça.


Além disso a atitude dominante dos cristãos era de contentamento e confiança admiráveis. Regozijavam-se no amor de Deus, o Pai, na comunhão com Cristo redivivo, no perdão dos pecados, na certeza da imortalidade. Assim desconheciam a tristeza e o desespero que oprimiam a vida de muitos que os cercavam. Esses característicos dos cristãos primitivos constituíam uma poderosa recomendação para o Cristianismo, promovendo o seu desenvolvimento.


Todos esses característicos derivavam parte do seu vigor da constante expectação em que viviam esses discípulos quanto a iminente vinda do Senhor, em glória visível, para restabelecer Seu Reino triunfante sobre a terra. A predominância desta esperança na Igreja apostólica nunca deve ser esquecida quando consideramos este período histórico da Igreja. É verdade que esses cristãos primitivos cometeram certos erros sobre este assunto da volta do Senhor, mas a esperança de que se achavam possuídos muito contribuiu para fortalecer e purificar suas vidas.


Os cristãos necessitavam de um auxílio especial, pois estavam constantemente expostos a sofrimentos por causa da sua fé. Muitas vezes foram assolados pelos judeus inimigos do Cristianismo. Os cristãos eram também odiados por muitos, por suas vidas constituírem permanente condenação dos costumes e conduta moral aos pagãos.


A partir de Nero (54 a 68 A.D.), o governo romano começou a hostilizar o Cristianismo, tentando eliminá-lo cruel e vigorosamente. Essa perseguição variava de intensidade a medida que variavam os governos. Consideraremos as razões dessa hostilidade no próximo capítulo. Não esqueçamos, porém, o fato de que durante a segunda metade do primeiro século o Cristianismo enfrentou o poder oficial como seu inimigo rancoroso.


Muitos cristãos, tanto famosos líderes como Paulo, como heróis outros desconhecidos receberam a coroa de martírio.


[d] O culto na Igreja

A pobreza e a perseguição impossibilitaram a igreja primitiva de construir seus templos durante o primeiro século, razão por que os cristãos se reuniam para o culto em casas particulares. Deduzimos das Epístolas Paulo, especialmente as enviadas aos Coríntios, que havia dois tipos de reuniões de culto.


Um era do tipo do culto de oração. O culto era dirigido conforme o Espírito os movia no momento. Faziam orações, davam testemunho, ministravam certos ensinos, cantavam Salmos. Aí apareceram também os primeiros hinos cristãos do primeiro século. Eram lidas e explicadas as Escrituras do Velho Testamento. Havia também leituras ou citações de memória dos atos e ensinos de Jesus. Quando os apóstolos enviavam cartas às igrejas, como as que encontramos no Novo Testamento, essas cartas eram lidas para todos. Nessas reuniões o entusiasmo do Cristianismo primitivo encontrou livre expressão. E esse entusiasmo às vezes era tão ardoroso que resultava em certa desordem. Eram admitidos os estranhos a essas reuniões e nelas alguns deles se levantavam confessando os pecados e a declarar que aceitavam a Jesus.


A outra era conhecida como a Festa do Amor ou Fraternidade. Era uma refeição comum, muito alegre e sagrada, símbolo de amor fraternal cristão. Dela somente os cristãos podiam participar. Cada um trazia a sua parte da refeição e estes elementos eram repartidos entre todos igualmente. Paulo repreende o egoísmo dos que comiam o que eles mesmos traziam e se recusavam a dividir o que tinham com os que não podiam trazer coisas tão boas.


Durante as rejeições as refeições o dirigente dava graças. Ao fim de tudo celebrava-se a Ceia do Senhor em que se usava uma parte do pão tinha sido servido na Festa. Esta reunião era no dia do Senhor, o primeiro dia da semana que os cristãos guardavam como a Festa para comemorar a ressurreição de Cristo. Não obstante haver bastante incerteza este assunto, é provável que, a princípio, a Festa do Amor fosse realizada à noite.


Já no fim do primeiro século a Ceia do Senhor foi separada da Festa do Amor e celebrada numa reunião matinal. Sabemos que no segundo século a Ceia do Senhor ou a Eucaristia era celebrada pela manhã do dia do domingo, chamado Dia do Senhor.


[e] A crença da Igreja

Na Igreja do primeiro século não se compuseram credos ou declarações formais de fé. O Credo dos Apóstolos só apareceu no segundo século. Para conhecermos a crença dos cristãos primitivos devemos recorrer ao Novo Testamento. Criam eles em Deus, o Pai em Jesus como o filho de Deus e Salvador; criam no Espírito Santo, de cuja presença estavam cônscios. Criam no perdão dos pecados. A base do seu ideal moral era o ensino de Jesus sobre o amor a todos os homens.


Aguardavam a volta de Jesus para exercer o julgamento final e dar a vida eterna a todos os que criam nele. Suas idéias doutrinárias, se assim as podemos chamar, eram muito simples. Todos os seus pensamentos sobre a vida religiosa tinham como centro a Pessoa de Cristo.


Duas influências levaram os crentes do primeiro século a cair em alguns erros doutrinários os quais, de certo modo, ameaçaram a pureza do Evangelho. Os "judaizantes" ensinavam que os cristãos deviam cumprir todas as cerimônias exigidas pela Lei Judaica. Paulo condenou-os porque viu que se o ensino deles prevalecesse, o Cristianismo não podia ser a religião de todas as raças.


Encontramos no Novo Testamento advertências solenes contra os erros do chamado Gnosticismo. Esta seita surgiu no primeiro século e veio depois se tornar muito poderosa. Consistia de uma estranha mistura de idéias cristãs, judaicas e pagãs. Era muito parecida com o Cristianismo de modo a confundir alguns crentes. Desta seita falaremos mais adiante.


[f] O governo da Igreja

As igrejas primitivas eram independentes, com governo próprio decidindo todos os seus negócios e problemas. Os cristãos insistentemente afirmavam que pertenciam à única Igreja Universal, pois todos eram um em Cristo, mas nenhuma organização de caráter geral exercia controle sobre as inúmeras igrejas espalhadas por toda a parte.


Os primeiros apóstolos eram reverenciados, em virtude do contacto que tiveram com Cristo e exerciam certa autoridade, como se verifica da decisão tomada quanto aos cristãos gentios e à lei judaica e como se vê no cap. 15 de Atos. Paulo exercia autoridade em virtude da sua posição de apóstolo e do seu trabalho extraordinário. Mas a autoridade desses homens não derivava do seu ofício, nem se expressava numa organização formal.


O Novo Testamento fala de oficiais que se ocupavam do ministério da pregação e do ensino. São conhecidos como apóstolos e profetas (1) e mestres, O nome de "apóstolo" não era restrito aos companheiros de Jesus, mas pertencia também a outros pioneiros do Evangelho que levavam as Boas Novas aos novos campos.


Os profetas e mestres ou doutores esclareciam o significado dos evangelhos as igrejas. Todos esses exerciam seus ofícios não peia indicação de qualquer autoridade, mas porque revelavam estar habilitados para tais ofícios pelos dons do Espírito Santo. O ministério desses oficiais se estendia a toda a Igreja, não era restrito a congregações particulares. Vemos muitos dos apóstolos e profetas viajando por toda a parte a serviço da causa. No primeiro século, a pregação e o ensino do Evangelho eram feitos principalmente por esses homens e por algumas mulheres, antes que por oficiais de igrejas locais.


O Novo Testamento fala de outra natureza de ministério que dizia respeito aos negócios das congregações. Sobre isto não sabemos muita coisa. Parece que não havia nenhum modelo de organização para todas as igrejas mas estas agiam livre e independentemente e seus métodos diferiam. Em algumas igrejas fundadas por Paulo havia dois grupos de oficiais: os anciãos ou presbíteros, também chamados de bispos, que eram superintendentes; o outro grupo era de diáconos.


Os anciãos ou bispos tinham o encargo do pastorado, disciplina e dos negócios econômicos. Os diáconos prestavam um serviço especial - o da beneficência. Os presbíteros presidiam à Mesa do Senhor e pregavam quando não estava presente algum apóstolo, profeta ou mestre. Esses oficiais eram escolhidos pelo povo porque revelavam os dons e a vocação do Espírito Santo para esse trabalho. Tal forma de distribuição de encargos não admitia qualquer oficial como os pastores atuais.


Parece que havia outras igrejas com diferentes formas de organização; em alguns casos a liderança estava com um indivíduo; noutros, o governo era congregacional.


(1) O autor omitiu a referência aos presbíteros docentes ou mestres e aos regentes que governavam com os docentes.

História da Igreja: O Cristianismo na América

História da Igreja: O Cristianismo na América

Por Robert Hastings Nichols


I. AS PRIMEIRAS TENTATIVAS

A - PROTESTANTE

Os huguenotes foram os primeiros a trazer o cristianismo ao atual território dos Estados Unidos. Em 1562, um grupo deles estabeleceu-se em Porto Roial, na Carolina do Sul. Em 1564-65 outro grupo se estabeleceu nas proximidades de Santo Agostinho, na Flórida. A primeira colônia foi abandonada; os habitantes da última foram massacrados pelos espanhóis católicos de Santo Agostinho.


B - CATÓLICO-ROMANA

1. Missões Espanholas

Santo Agostinho, a mais antiga cidade dos EE. Unidos, foi fundada pelos espanhóis em 1565. Dali desenvolveu-se um extenso trabalho religioso, por muitos anos, entre os colonos espanhóis e os índios. Mas logo que a Flórida tornou-se uma possessão inglesa (1763) esse trabalho quase que desapareceu.


Muito para o oeste, os dirigentes desse trabalho de cristianização também fundaram uma sede. Em 1598, os espanhóis vindo do México organizaram uma colônia no Novo México, a qual, como todas as suas colônias, era uma estação missionária. Os índios dessa região receberam uma imediata cristianização, porém fraca. Após uma terrível rebelião dos índios, em 1680, os espanhóis restabeleceram as estações missionárias, muitas das quais ainda são católico-romanas. Essa foi a origem do antigo cristianismo da população espanhola da região sudoeste dos EE. Unidos.


As missões franciscanas da Califórnia, entre os índios, vieram muito mais tarde. A primeira, em San Diego, foi fundada em 1769, e logo depois surgiram vinte outras missões católicas. Logo no início muito prosperaram. Os índios foram agrupados em comunidades onde recebiam instrução cristã e ensinos sobre agricultura e indústria e viviam sob estrita disciplina. Quando, porém, o governo mexicano, que então governava a Califórnia, libertou-os do controle dos frades (1834), a maioria dos índios logo voltou ao paganismo.


2. Missões Francesas

Depois da fundação de Quebec em 1608, os franceses iniciaram a colonização do Canadá com entusiasmo e muita rapidez. Um aspecto notável deste esforço era o trabalho religioso. Talvez este fosse mesmo o aspecto mais destacado da política dos colonizadores. Quebec e Montreal tornaram-se importantes centros religiosos com instituições ricamente servidas pelos melhores homens e mulheres que a igreja católica francesa podia enviar. As explorações dos Grandes Lagos e do Mississipi, realizadas por La Salle (1678-1682), revelaram aos franceses a possibilidade da fundação de um grande império.


Com este pensamento lançaram uma rede de postos ou estações militares, comerciais e religiosas, desde o Golfo de São Lourenço à foz do Mississipe. Muitos missionários, a maioria constituída de jesuítas, realizaram intenso labor, muito trabalhando ambos os lados desta linha de postos avançados. Lançaram os fundamentos de vários centros de trabalho ao longo dos Grandes Lagos, no Norte de Nova York, Ohio, Michigan, Wisconsin, Illinois e abaixo do Mississipe na direção da Luisiana.


Mas todas essas brilhantes realizações dos franceses anularam-se em 1763, quando a Inglaterra tomou posse do Canadá. Desta sorte, fracassaram dois grandes planos para a fundação de um império. Qualquer desses planos que tivesse vingado teria tornado o catolicismo romano dominador supremo na América do Norte. Os fundamentos religiosos dos Estados Unidos tinham de ser lançados pelos Protestantes.


II. AS TREZES COLONIAS

A - DESDE A FUNDAÇÃO AO GRANDE REAVIVAMENTO

1. Nova Inglaterra

A primeira tentativa de colonização na Nova Inglaterra, a segunda das treze colônias, foi realizada por, motivos puramente religiosos. Pelo ano de 1600, um grupo de pessoas religiosas de Lincolnshire, na Inglaterra, ficou desgostoso com a situação da Igreja Inglesa.


Como os puritanos, elas se opunham fortemente "ao fato que, tanto no culto como no governo, vinham prevalecendo formas e usos da igreja medieval: eram diferentes dos puritanos, porque sentiam que a Igreja da Inglaterra nunca podia ser reformada de modo a ser a verdadeira Igreja de Cristo e que, por isto, deveriam abandoná-la e estabelecer uma nova igreja.


Organizaram-se então como igreja, reunindo-se para o culto em dois lugares: em Scrooby Manor e em Gainsborough. Perseguidas por esta razão, fugiram em 1608 para a Holanda. Após alguns anos decidiram ir para a América. Neste sentido entraram em entendimentos com a Companhia de Londres, uma das duas organizações às quais Tiago I doara a Virgínia, que era uma grande faixa de terra americana na costa do Atlântico.


Em 21 de Dezembro de 1620, cerca de cem desses "Peregrinos”, desembarcaram do "Mayflower" na baía do Cabo Cod. Esta foi a fundação da Colônia Plymouth. Os colonos não precisaram de se organizar em igreja pois já constituíam uma, e sua vida eclesiástica prosseguiu sem interrupção. O ministro deles ficara na Europa, mas havia um grande líder religioso entre eles, o presbítero Guilherme Brewster. O primeiro ano da colônia foi de terríveis sofrimentos, mas prosseguiu sempre crescendo sob a sábia liderança do governador Bradford.


Desde a sua chegada, os puritanos dirigiram o trabalho de modo que lhe imprimiram aquelas mudanças que desejaram ver na Igreja Inglesa. Lá na Inglaterra, sob o governo do arcebispo Laud, a partir de 1625, foram terrivelmente perseguidos por adorarem a Deus pelo modo como julgavam certo. Depois de cinqüenta anos ou mais, as coisas estavam piores do que dantes.


Desaparecera de muitos a esperança de qualquer reforma. Ouvindo falar das Colônias na Virgínia e em Plymouth, julgaram que a América seria o lugar ideal para a liberdade religiosa. A primeira colônia (1628) permanente foi em Salem, Massachusetts. Pelo ano de 1640, quinze mil colonos puritanos viviam ali, como também em Boston e noutras cidades situadas na Baía de Massachusetts.


A Colônia de Plymouth foi principalmente constituída de gente consagrada, porém de baixa extração. Mas entre os puritanos da colônia da Baía de Massachusetts havia muita gente rica, de boa posição e esmerada educação. Esta colônia era constituída de gente excepcional, tanto quanto à moral e à religião, como pela coragem e inteligência.


Dentro de poucos anos surgiram duas novas e importantes colônias de puritanos. Uma chamada Connecticut, teve início perto de Hartford (1634-1636) e foi fundada pelos emigrantes de Massachusetts. A outra, New Haven, foi fundada (1638) por gente vinda diretamente da Inglaterra.


Desde que todos os elementos dessas quatro colônias eram unânimes quanto às opiniões religiosas, desenvolveu-se entre elas o mesmo tipo de vida religiosa. Não obstante haver muitos presbiterianos entre os colonos, as igrejas que eles organizaram eram todas Congregacionais, mas em Connecticut desenvolveram-se consideravelmente as idéias presbiterianas entre as igrejas.


O culto nas igrejas era isento de liturgia e celebrado com uma simplicidade rigorosa. A pregação constituía o elemento mais destacado do culto. Os ministros eram do mais alto padrão moral e de esmerada educação. Eram as pessoas de maior influência em suas comunidades. As igrejas exerciam uma disciplina rígida sobre a conduta dos seus membros.


A religião era a força dominante na vida do povo da Nova Inglaterra. Era uma religião puritana - solidamente bíblica, espiritualmente profunda, cheia de zelo e severidade, dominando todos os aspectos da vida dos indivíduos e das suas comunidades. Providenciaram logo sobre a organização de escolas primárias e secundárias e um Colégio (Harvard foi fundada em 1636); tudo isto assegurou a continuação de um alto padrão de religião inteligente e consciente que resultou no progresso das atividades destas importantes colônias.


Nenhum bem maior poderia ter vindo à vida religiosa americana e à vida mesma em todos os seus aspectos naquele país, do que estas influências que moldaram o caráter da jovem nação que começava a existir, a influência espiritual dessas colônias da Nova Inglaterra, influência puritana, de fé, de coragem, de consciência.


Não era propósito dos puritanos estabelecerem liberdade religiosa geral. Vieram para a América a fim de alcançar liberdade para o que eles julgavam ser a verdadeira forma de religião. Pensavam que todos nas suas colônias deveriam se submeter a essa forma de religião.


As Igrejas Congregacionais foram oficialmente organizadas. Foram cobradas certas taxas ou contribuições para a manutenção dos seus ministros. Em Massachusetts e em New Haven somente membros da igreja tinham direito ao voto. Não eram permitidas reuniões de caráter religioso, nem ensinos diferentes dos ministrados nas igrejas.

Os Batistas e os Quakers foram perseguidos. Quatro destes últimos experimentaram o martírio (1659-1661). Para o fim do século XVII começou a prevalecer melhor espírito de tolerância e desapareceram as perseguições.


A intolerância dos puritanos de Massachusetts deu lugar à fundação de Rhode Island. Roger Williams, um ministro mui instruído, eloqüente e de inteligência excepcional, foi banido de Massachusetts em 1635, por motivo de oposição política e certas declarações de caráter religioso. Acompanhado de alguns aliados estabeleceu-se em Providence. Tendo seguido os princípios batistas, organizou ali a Primeira Igreja Batista do Novo Mundo, em 1639.


Outros exilados por motivos de perseguição fundaram seus lares perto da Baía de Narragansett. Além dessas, foram organizadas a colônia de Rhode Island e Providence. Nestes lugares prevaleceu, desde o princípio, absoluta liberdade religiosa. O agrupamento religioso mais forte foi o dos batistas.


2. As Colônias do Centro

A colônia de Nova Holanda, depois Nova York, era simplesmente uma empresa comercial da Companhia Holandesa das índias Ocidentais. Os primeiros colonos, não sendo da melhor gente da Holanda, não demonstravam muito interesse nem aquele zelo religioso característico dos holandeses. Também a Igreja reformada da Holanda interessou-se pouco pela situação espiritual da colônia.


Nesta época foi organizada uma igreja reformada na ilha de Manhattan em 1628, quinze anos depois da fundação da primeira colônia. Não havia, porém, um ministro residente antes de 1633. Foi quando se construiu um templo de madeira e, em 1642, um de pedra e cal. Foi dessas origens que surgiu a grande Igreja (Holandesa) Reformada dos Estados Unidos. Ela demorou bastante para se tornar uma igreja vigorosa. Em 1660, quando havia dez mil habitantes nesta cidade, a Igreja já possuía seis ministros reformados.


Já nesse tempo, Nova York ou Nova Amsterdam como era então chamada, era uma cidade cosmopolita. Além de holandeses havia na cidade povos de muitas nações que tinham as mais diferentes organizações religiosas, pois o governo holandês permitiu ampla liberdade de culto. Havia huguenotes, puritanos da Nova Inglaterra, presbiterianos, escoceses, luteranos suecos e alemães, católicos-romanos e judeus.


A colônia tornou-se uma possessão inglesa em 1664. Embora o governo inglês não interferisse na Igreja Holandesa, todavia introduziu a Igreja Anglicana e a favoreceu. Esta foi a origem da poderosa Igreja Episcopal Protestante da cidade de Nova York. A Igreja da Inglaterra, contudo, não desenvolveu muita atividade por essa época. Por isso no início do século XVIII a vida religiosa de Nova York era débil.


A cidade de Nova Jersey teve na sua população primitiva diferentes elementos religiosos. Alguns tinham-se estabelecido ali antes de ela tornar-se uma possessão inglesa (1664). Depois certa gente selecionada da Nova Inglaterra veio habitar o leste da cidade; a maior parte desse grupo era presbiteriano. Depois um grande grupo de presbiterianos escoceses, deixando o seu país durante os "Tempos do Massacre" ("Killing Times"), fundou seus novos lares nesta região.


Os primeiros habitantes da parte ocidental da cidade que moravam principalmente em Camden e em Trenton, foram os Quakers. Durante o reinado de Carlos II (1660-1685) treze mil Quakers foram lançados na prisão e trezentos e trinta e oito morreram no cárcere como resultado dos ferimentos recebidos nos assaltos às suas reuniões.


Perseguidos na sua terra, vieram para a América porque vários deles que eram ricos, entre os quais Guilherme Penn, adquiriram terras e as ofereceram como um refúgio aos seus irmãos europeus (1676). Penn, um líder entre os Quakers, recebeu em 1681, de Carlos II da Inglaterra, uma grande faixa de terra na América. Ali fundou Penn uma colônia, para refúgio de seus companheiros de religião e também como empresa comercial.


Seu "Sistema de Governo" assegurava plena liberdade religiosa e civil, e oferecia terra a preços muito módicos. Dentro de poucos anos, milhares de Quakers ingleses e do país de Gales, gente do mais nobre caráter e profunda piedade, o melhor tipo de colonos, vieram para a Pensilvânia. Em 1700, a população era de vinte mil. E Filadélfia, fundada em 1682, já era uma cidade florescente.


A Liberdade religiosa da colônia de Penn atraiu outras pessoas perseguidas, além dos Quakers. Muitos membros de várias seitas alemãs que estavam sendo perseguidos por suas crenças religiosas, sendo a maioria constituída de menonitas e Dunkers (anabatistas), chegaram no começo do século XVIII. Um número ainda maior, de vários milhares, chegou em 1710, vindo do Palatinado (região do Reno).


Esta região tinha sido, pelos franceses e seus camponeses, reduzida à mais abjeta miséria em virtude de os huguenotes terem ali estabelecido os seus lares. Esta gente do Palatinado era constituída de membros da primitiva Igreja Reformada Alemã, Depois destes, muitos emigrantes alemães, inclusive muitos luteranos, vieram à Pensilvânia, não fugidos de perseguições, mas à procura de melhores condições de vida.


O território de Maryland fora doado por Carlos I, em 1634, a George Calvert, Lord Baltimore. Por muitos anos a colônia foi dirigida por ele e seus descendentes como uma empresa comercial. Os Calverts eram Católicos romanos liberais. Em parte, a fim de atrair elementos para a sua colônia, eles adotaram uma política de liberdade religiosa, desde o começo.


Dois Jesuítas vieram com os primeiros colonos e foram os primeiros padres romanistas que se estabeleceram nas treze colônias. A grande maioria desses colonos, todavia, era constituída de ingleses protestantes. Mais tarde vieram os puritanos presbiterianos expulsos da Virgínia, os Quakers e os presbiterianos irlandeses-escoceses, elementos esses que constituíram a guarda avançada da grande imigração desses povos. Algumas das igrejas do primeiro Presbitério, o de Filadélfia, organizado em 1706, estavam em Maryland.


Quando Maryland se tornou uma colônia real (1691), a Igreja Anglicana foi estabelecida. Foram recolhidos impostos para a sua manutenção e os que se opunham a isto eram privados dos direitos civis. Seu clero era muito inferior, e como força religiosa, era de pequena expressão.


3. O Sul

O primeiros colonos da Virgínia e das treze colônias (1607), não obstante não representarem numericamente um grupo respeitável, tinham, entre eles, um ministro evangélico digno da sua vocação. Este homem, Roberto Hunt, clérigo da Igreja Inglesa, dirigiu os trabalhos até sua morte. Assim, desde o começo, a Igreja Anglicana estabeleceu-se na Virgínia e permaneceu como a igreja da colônia. Contudo, nos primeiros anos, foi o elemento puritano da igreja inglesa que exerceu maior influência no governo da Virgínia.


Mas em 1631 foi indicado um governador que odiava o puritanismo e perseguiu os puritanos, expulsando a muitos deles. Além disso, o povo geralmente era muito diferente dos puritanos quanto ao caráter, especialmente quando começou a grande imigração de Cavalier. Depois da morte de Carlos I, milhares de ingleses que ficaram do seu lado contra o puritanismo, vieram para a Virgínia.

Na colônia exigia-se estrita conformidade com a Igreja da Inglaterra. Mas a igreja estava organizada e mantida com os impostos. Tinha uma vida religiosa débil porque os seus ministros, enviados da Inglaterra, eram de pouca influência na vida do povo. Nos começos do século XVIII, as condições religiosas eram muito desfavoráveis.


Em ambas as Carolinas, a do Norte e a do Sul, que foram colonizadas na última parte do século XVII, foi estabelecida a Igreja Inglesa. Mas na Carolina do Norte ela nunca veio a ser muito forte, e na do Sul representava somente uma pequena parte da população. Em ambas as colônias, os evangelistas Quakers, entre os quais estava o famoso George Fox, realizaram notável trabalho ao fim daquele século. Ambas as Carolinas receberam mais tarde grupos de pessoas portadoras da mais profunda vida religiosa — os huguenotes, suíços, alemães e escoceses-irlandeses, na Carolina do Norte; e Huguenotes escoceses e dissidentes ingleses, na Carolina do Sul.


Nenhuma das colônias teve uma origem cristã mais distinta do que a Georgia, fundada em 1733. O general Oglethorpe, filantropo inglês muito jovem, planejou a colônia como refúgio para as vítimas das leis injustas e de perseguição. A primeira gente a chegar foi um grupo de prisioneiros trazidos por ele, e um grupo de luteranos exilados vindo do arcebispado de Salsburg.


B - DESDE O GRANDE REAVIVAMENTO À GUERRA DA INDEPENDÊNCIA. 1728-1775 A. D.

O começo do século XVIII foi assinalado por um enfraquecimento religioso e moral nas colônias. Na Nova Inglaterra, esta condição era tão palpável que provocou muita tristeza e lamentação. Aquela convicção arraigada e aquele zelo da primeira geração de puritanos não se manifestaram nos seus descendentes, que não tinham tido a experiência inspiradora da vinda a uma nova terra à procura de liberdade religiosa.


As igrejas requeriam para admissão no rol de membros, o testemunho de uma experiência religiosa que poucos podiam alcançar. Razão por que somente uma minoria podia ser membro da igreja. A pregação mais comum salientava a inabilidade do homem para se aproximar de Deus e isto levou muitos ao desânimo.


Já vimos qual era a situação em Nova York. Na Pensilvânia, o Quakerismo, a forma religiosa dominante, tinha perdido muito do seu entusiasmo e ardor evangélico, talvez por motivo da grande prosperidade material. Em Maryland e na Virgínia, a Igreja Anglicana oficializada tinha pouco vigor.


Por essa época de desânimo veio o "Grande Reavivamento". Jonathan Edwards, jovem de extraordinários dons espirituais e grande poder intelectual, era pastor em Northampton, a primeira cidade de Massachusetts, depois de Boston. Em 1734, ele começou a pregar com poder extraordinário, procurando levar os ouvintes ao arrependimento e à fé.


Northampton foi verdadeiramente revolucionada e o reavivamento se espalhou pelas cidades vizinhas, de Massachusetts a Connecticut. Pouco antes disso, houve coisa parecida, embora fosse um movimento menos importante, em Nova Jersey.


Gilbert Tennent, pastor da Igreja Presbiteriana de New Brunswick, em 1728, começou a pregar de um modo que inspirou vitalidade espiritual à sua própria igreja e a outras nas circunvizinhanças. De 1739-1741, houve um reavivamento entre os puritanos e os presbiterianos escoceses de Newark.


Na Virgínia, apareceu um reavivamento espontâneo, sem pregação especial, como resultado da leitura de livros religiosos. Contribuiu para ele o trabalho de evangelistas presbiterianos e batistas. Enquanto esta nova vida espiritual ia se desenvolvendo em muitos lugares das colônias, o eloqüente George Whitefield veio fortalecer o movimento.


De 1739-1741 e de 1744-1748, ele pregou ao longo da costa, desde a Georgia ao Maine, conseguindo enormes auditórios e produzindo uma impressão espiritual profunda. Suas viagens foram seguidas pelo trabalho evangelístico que se espalhou na Nova Inglaterra, na região de Jonathan Edwards e outros ministros notáveis que lideravam esses trabalhos.


As populações das colônias foram todas abaladas e influenciadas por esse poderoso despertamento religioso. O número de membros das igrejas aumentou consideravelmente e foram organizadas muitas novas igrejas. As denominações congregacionais, presbiterianas e batistas muito cresceram em número e poder.


Surgiu o interesse missionário a favor dos índios. Davi Brainard realizou uma obra bem influente, embora fosse de pouca duração, a favor dos índios. Este trabalho foi resultado direto do reavivamento. O Reavivamento preparou as igrejas americanas para suportarem uma época de provações que veio logo depois. Por quarenta anos desde o início da guerra entre a França e os índios, em 1745, o povo das colônias ficou absorvido pela guerra, de um modo muito intenso, por toda esta época de agitações políticas e de guerra. A religião muito sofreu e teria sofrido muito mais se não fosse a preparação espiritual do povo, resultante do Reavivamento.


Enquanto prosseguia o Reavivamento, chegaram para as colônias muitos milhares de pessoas que vieram a exercer grande influência na história americana, tanto no aspecto religioso como sob outros aspectos: os escoceses-irlandeses. Houve dois grandes movimentos imigratórios : o primeiro, de 1713 a 1750; e o segundo, de 1771 a 1773. A maioria deles veio para as colônias centrais que formaram a linha mais avançada do país.


Muitos outros se estabeleceram na Pensilvânia e outros ainda se dirigiram para o sul, ao longo dos montes Apalaches para o oeste da Virgínia e da Carolina. Todos eles eram presbiterianos, muito fiéis e ligados às suas igrejas. Era gente de piedade e grande zelo, caráter forte e alto senso de independência.


Os alemães da Pensilvânia não foram alcançados pelo Reavivamento devido à barreira da língua. Em 1741, o Conde Zinzendorf visitou os moravianos daquela colônia, organizou-os eclesiasticamente e os encorajou à obra missionária, tanto entre os brancos como entre os índios. Verificando que havia milhares de alemães de várias seitas sem assistência religiosa, ele procurou trazê-los a um tipo de unidade religiosa. Este plano despertou o zelo sectário dos alemães em seu próprio país. Os Luteranos da Alemanha enviaram Henrique Muhlenberg que organizou os luteranos da Pensilvânia em Igrejas e Sínodos.


A Igreja Reformada da Holanda enviou Miguel Schlatter que realizou trabalho idêntico entre os alemães reformados daquela colónia.


O movimento metodista chegou à América em 1766. Naquele ano Felipe Embury que tinha sido pregador metodista na Irlanda, começou a pregar em Nova York. A partir dessa época, as sociedades metodistas multiplicaram-se e se desenvolveram rapidamente. Em 1771, Francisco Asbury foi indicado por Wesley para dirigir o metodismo americano. Sua capacidade de liderança, o seu zelo incansável e a cooperação dos seus colegas de ministério deram lugar a um crescimento muito rápido, mesmo durante o período de guerra e de lutas políticas. A força maior desse movimento, nesse tempo, estava no sul.


E comum ouvir-se dizer que a guerra pela independência das colônias surgiu da disputa sobre impostos. Mas o sentimento religioso muito contribuiu para o anseio de se libertarem dos laços do governo britânico. Os congregacionais e presbiterianos constituindo a maioria do povo, temeram que o governo britânico em breve estabelecesse a igreja oficial em todas as colônias, e de fato, já estava estabelecida em algumas, e exigisse de todos os habitantes a obediência à autoridade dessa igreja.


Visto como seus pais tinham vindo para a América a fim de fugirem exatamente de uma situação semelhante os descendentes nenhum desejo tinham de se submeter a essa exigência. Este sentimento contribuiu muito mais para o desejo de independência do que a geral indignação contra o Ato do Selo e outras medidas que impuseram os vários impostos.


III. OS ESTADOS UNIDOS

A - RECONSTRUÇÃO E REAVIVAMENTO APÓS A GUERRA DA INDEPENDENCIA

Todas as igrejas muito sofreram durante a guerra. Muitos dos seus membros morreram na luta e muitos outros sofreram moralmente com a vida militar. Em muitos casos, igrejas foram dispersas, seus ministros expulsos e os templos destruídos. Em virtude de os congregacionais e presbiterianos serem solidamente defensores da independência, seus ministros e igrejas eram os objetivos especiais do ataque dos britânicos.


De um modo geral a vida religiosa foi muito enfraquecida como sempre acontece durante e depois de uma guerra. A incredulidade e a indiferença religiosa se espalharam. O espírito anti-religioso da Revolução Francesa teve influência considerável, especialmente por causa do auxílio que a França prestou aos americanos durante a guerra. Durante as duas décadas seguintes o cristianismo americano teve menos vitalidade do que em qualquer outra época da sua história.


Apesar de tudo, o nascimento da nova nacionalidade demandava a reorganização das igrejas. A Igreja Anglicana das colônias eliminou sua ligação com a Igreja mãe, da Europa, e tomou o nome de Igreja Episcopal Protestante. O metodismo americano também se tornou independente e ao mesmo tempo consagrou seus primeiros superintendentes ou bispos, Thomas Coke e Asbury.


O Sínodo Presbiteriano tornou-se a Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América. Os congregacionais da Nova Inglaterra fundaram suas associações nacionais. A Igreja Católica Romana, que tinha, então, dezoito mil membros apenas, foi colocada sob a direção de um prefeito apostólico. americano que logo foi feito bispo.


Um dos maiores benefícios já alcançados pelo cristianismo na América foi a decisão tomada pela organização do governo dos Estados Unidos com relação à política religiosa do governo. A primeira emenda à Constituição (1791) determinava que não haveria religião reconhecida pelo Estado. O princípio da nova nacionalidade seria, em outras palavras: "uma Igreja livre num Estado livre".


A profunda fraqueza religiosa que se seguiu à guerra foi totalmente modificada em virtude de uma série de despertamentos que atingiu grande parte do país pelos fins do século XVIII e no início do século XIX. Em muitos lugares surgiu nova vida espiritual que se irradiou com muita força. Não havia líderes de notabilidade como no primeiro grande Reavivamento. As pregações eram realizadas, na maioria dos casos, pelos próprios pastores residentes nas cidades.


Este movimento foi duradouro, pois em algumas regiões os reavivamentos foram se sucedendo por uma geração. Foi mais acentuado na Nova Inglaterra, em Nova York e Ohio, que estavam sendo colonizadas por gente de Nova Inglaterra, como também foi notável no Kentucky e no Tennessee. Poucas foram as regiões do país que deixaram de sofrer sua influência.


Os reavivamentos fortificaram bastante, e em caráter permanente, a vida religiosa do país. Deram início a um longo período de atividade religiosa verdadeiramente agressiva. Foi de grande necessidade este fortalecimento das igrejas americanas em vista das grandes responsabilidades que tiveram de enfrentar com o desenvolvimento da nação.


B - O SÉCULO XIX ATÉ 1830

Ao iniciar-se o novo século chamam-nos a atenção alguns resultados definidos desses reavivamentos. As igrejas tiveram aumentado o número de seus membros. Em 1830, os metodistas eram sete vezes mais do que em 1800; os presbiterianos, quatro vezes mais; os batistas, três vezes mais e os congregacionais, duas vezes mais, apesar das grandes perdas provocadas pelo movimento Unitariano.


Surgiram vários novos grupos religiosos. Um, que tomou o nome de "Discípulos", foi formado por pessoas que tinham sido influenciadas pelos reavivamentos do oeste da Pensilvânia, da Virgínia e do Kentucky. Estes "Discípulos" repeliam as igrejas existentes porque elas tinham "credos humanos"; pregavam a união de todos os cristãos em bases unicamente bíblicas.


O nome que usavam era um protesto contra o denominacionalismo. A Igreja Presbiteriana de Cumberland foi fundada por ministros e gente residentes no Kentucky, eliminados da Igreja por causa das condições criadas pelos reavivamentos.


O aparecimento da corporação religiosa Unitariana foi, em um sentido, um dos resultados dos reavivamentos, porque eles salientaram certas diferenças teológicas que desde muito existiam no oeste do Massachusetts. Alguns ministros congregacionalistas e muitos leigos rejeitavam o ensino extremado relativo à pecaminosidade da natureza humana, do modo como era comumente ouvido nos púlpitos da Nova Inglaterra, e também negavam a divindade de Cristo.


No início do século, o campo religioso ficou dividido entre Unitarianos e Trinitarianos . Cerca de cem igrejas, perto de Boston, tornaram-se unitarianas. O movimento universalista surgiu por esse tempo na Nova Inglaterra e em outros lugares. Um poderoso movimento missionário nacional resultou dos reavivamentos. A população ia avançando para o oeste com muita rapidez. As igrejas enviaram muitos pregadores às novas colônias. Congregacionalistas e presbiterianos trabalhavam unidos no norte, isto é, na parte central e ocidental de New York e Ohio.


Os presbiterianos eram ativos na Pensilvânia, Virgínia, Kentucky e Tennessee. Os batistas e metodistas eram os mais eficientes evangelistas dentre todos, alcançando toda a fronteira, mais acentuadamente no sul e no sudoeste.


Surgindo na Inglaterra o movimento das Missões Estrangeiras, logo encontrou correspondência de sentimentos no cristianismo recém-vivificado da América. Samuel Mills, de Connecticut, tem a honra imperecível de ser o pioneiro do cristianismo americano no campo das missões mundiais. Ele foi o líder dos cinco estudantes do Colégio Williams que se diz terem considerado, numa reunião de oração em Haystack, o apelo em favor da evangelização de terras estrangeiras. ele também foi o líder dos "Irmãos", uma sociedade de voluntários pró evangelização dos pagãos, organizada no Colégio Williams, em 1808.


Os "Irmãos" foram todos ao Seminário Teológico de Andover, onde conseguiram a adesão de Adoniram Judson. O pedido que fizeram à Associação Congregacional de Massachusetts, relativamente ao sustento e orientação para os seus propósitos missionários, deu lugar à organização, em 1810, da Junta Americana de Enviados às Missões Estrangeiras. Esta Junta foi a princípio composta de Congregacionalistas da Nova Inglaterra, mas em 1812, incluiu vários membros presbiterianos e por muitos anos foi uma organização de ambas as denominações, de missões estrangeiras.


Em 1812, a Junta Americana enviou cinco missionários à índia. Durante a viagem, Judson e Lutero Rice aceitaram os pontos de vista batistas, do que resultou se separarem dos demais. Judson foi para Burma a fim de realizar ali a sua grande obra; e Rice voltou à América para inculcar nos batistas a visão da obra das missões. Sua atividade resultou na formação da Sociedade Missionária Batista, em 1814. Dentro de poucos anos, outras igrejas americanas alistaram-se: a Episcopal Protestante, a Reformada Holandesa e a Episcopal Metodista.


As Escolas Dominicais, segundo o modelo de Robert Raikes, de auxilio às crianças desprotegidas, e também de educação religiosa, apareceram nos Estados Unidos antes de 1790. Os reavivamentos desenvolveram este trabalho. A primeira Escola Dominical do tipo moderno, isto é, escola na igreja para ministrar ensino religioso, parece ter sido organizada em Pittsburgh, em 1800.

Durante a década iniciada em 1810, o novo impulso das igrejas deu origem à organização de muitas Escolas Dominicais desse tipo. Desde essa época, esta instituição tornou-se reconhecida como uma parte necessária e integral da vida da igreja. O fortalecimento deste trabalho resultou na organização da Associação das Escolas Dominicais da América, em 1824.


O tradicional interesse das igrejas americanas em matéria de educação foi desenvolvido pelas necessidades educacionais do Oeste e pela vida religiosa sempre crescente dessas igrejas. A fundação de colégios foi uma parte importantíssima da obra missionária nacional dessas igrejas, especialmente as Congregacionais, Presbiterianas e Episcopais.


"Dos quarenta colégios e universidades permanentes estabelecidos nos Est. Unidos entre os anos de 1780 e 1829, em todas as regiões do país, treze foram organizados e fundados por presbiterianos; quatro, pelos congregacionalistas; um, pelos dois grupos em cooperação; seis, pelos episcopais; um, pelos católicos; três, pelos batistas; um, pelos reformados alemães, e onze pelos Estados; e das instituições oficiais, quatro foram iniciadas pela influência presbiteriana".


Outro resultado educacional dos reavivamentos foi o estabelecimento de escolas para o preparo ministerial, seminários teológicos, para fazer face às exigências de um número maior de ministros bem preparados. O Seminário Teológico de Andover foi fundado em 1808 pelos congregacionalistas de Massachusetts. Durante os dezoito anos seguintes, foram estabelecidos quinze outros seminários por oito denominações.


Após o período do reavivamento nos quinze anos que abrangeram o início do século XIX e o "segundo Reavivamento", esses departamentos religiosos se tornaram freqüentes em várias partes do país, de 1810 em diante. Eles foram mais poderosos durante o decênio seguinte na Nova Inglaterra e em Nova York. A sua pregação resultou no mais poderoso movimento de revivificação religiosa jamais visto na cidade de Rochester, em 1830-31, a qual se estendeu por todo o norte, desde a Nova Inglaterra, até o Ohio. Esse movimento resultou em extraordinário crescimento espiritual e moral, como veremos.


C - 1830-1861
Cerca de 1830, surgiram na vida nacional modificações que afetaram a vida religiosa nos seus mais importantes aspectos. Entre 1830 e 1860 foi grande imigração européia. Por este motivo e por causa do avanço para o Oeste, houve rápido desenvolvimento no vale do Mississipe.


Foram anexados novos Estados, cresceu a população. A vida foi organizada. A força política do Oeste surgiu ao tempo do presidente Jackson. A indústria desenvolveu-se extraordinariamente e novas estradas de rodagem, estradas de ferro e canais foram construídos.


A luta contra a escravatura intensificou-se, orientando-se para a crise que surgiu depois de 1850. Contatos mais aproximados com a Europa trouxeram novas ideias políticas, sociais e religiosas. Alguns pensamentos religiosos modernos surgiram mesmo, na América. Tudo isto contribuiu para que este período fosse agitado, cheio de controvérsias e modificações, numa fermentação incansável de lutas dos mais variados aspectos.


Por esta época as igrejas protestantes levaram à execução uma vasta obra de Missões Nacionais. Surgiram novas igrejas e colégios evangélicos através de todo o vale do Mississipe, como também em outras regiões mais para o Oeste. O lançamento dos alicerces cristãos da sociedade neste enorme território, com suas imensas possibilidades, em poucos anos, é uma das maiores realizações da história cristã.


As igrejas alcançaram aquela visão que Lyman Beecher expressou nestas palavras quando, em 1832, deixou sua posição da mais avançada liderança religiosa no Leste para ser o diretor do novo Seminário Lame, em Cincinnati: "Plantar o cristianismo no Oeste (americano) é uma tarefa tão grande quanto seria plantá-lo no Império Romano, porém com maior permanência e poder".


Um resultado religioso direto da imigração foi o crescimento extraordinário da Igreja Católica Romana. Neste período ela multiplicou por dez o número dos seus membros, que subiu a mais de três milhões de pessoas e alcançou também uma poderosa influência correspondente. As igrejas luteranas aumentaram grandemente em número por causa da imigração alemã e escandinava.


Também durante esse tempo as controvérsias perturbaram a vida de muitas igrejas e provocaram divisão na igreja presbiteriana. A obra conjunta de presbiterianos e congregacionalistas nas missões nacionais trouxe para a igreja presbiteriana muitos precedentes congregacionalistas da Nova Inglaterra.


Daí terem-se espalhado consideravelmente as idéias teológicas que divergiam dos antigos postulados presbiterianos. Surgiram dois partidos: o progressista e o conservador. O primeiro, favorável às novas idéias e pronto para adaptar a sua organização às novas necessidades. O segundo ficou sustentando os antigos padrões tradicionais, tanto em doutrina como em governo.


Houve um rompimento em 1837. Duas igrejas, a da Escola Nova e a da Velha Escola, separados desde 1838, reuniram-se em 1869. Na Igreja Episcopal Protestante, uma controvérsia entre a "Alta Igreja" e a "Igreja Baixa", que surgira a partir de 1810, tornou-se bastante aguda neste período. Não obstante, esta igreja alcançou algum progresso e tomou posição para se tornar uma das principais entre as igrejas americanas.


A escravidão, sendo um assunto quase obrigatório, teve de afetar o pensamento das igrejas, como de toda a gente. Cerca do ano 1800, as igrejas, tanto as do Norte como as do Sul se opunham à escravidão, Isto é, como opinião geral. Foi quando uma modificação de caráter econômico provocou uma transformação. A invenção da máquina de fiar, que apareceu pouco antes de 1800 fez desenvolver enormemente a plantação de algodão, de sorte que no sul apareceu uma era de grande prosperidade.


A escravidão que era um meio de desenvolver a cultura do algodão tornou-se menos combatida e até mesmo defendida por muitos. As igrejas do Sul cessaram a sua oposição. No Norte, onde não havia escravidão, surgiu um sentimento anti-escravagista dentro das igrejas, embora não muito profundo ainda.


Em 1830, verificou-se outra mudança. O sul ficou determinado a manter e a estender a escravidão e as suas igrejas procuraram encontrar na Bíblia aprovação divina para, a escravatura. No norte, a oposição cresceu e as igrejas começaram a tomar a liderança deste movimento, embora não fossem todas unânimes. O poderoso reavivamento de 1830-31, resultante do trabalho de Finney, ficou ao lado da propaganda abolicionista, fortalecendo-a.


A partir de 1840, as igrejas do Norte aumentaram sua convicção de que era um grande mal a escravidão e resolveram lutar por extingui-la. Os batistas e metodistas dividiram-se, tanto no Norte como no Sul (1844-45) e noutras regiões onde habitavam. A Lei do Escravo Fugitivo de 1850, e o Ato Kansas-Nebraska, de 1854, conduziram o povo cristão do Norte a uma oposição muito forte contra a escravidão. A liderança das igrejas teve uma parte decisiva no propósito abolicionista do Norte.


As bebidas alcoólicas constituíram outra questão social, que as igrejas levantaram. No começo do século XIX, este mal dominava terrivelmente em todas as camadas sociais. A partir de 1810, houve um despertamento da consciência cristã neste sentido. Depois de 1820, teve início o movimento que continuou muito forte por vinte anos. Este foi um trabalho exclusivamente das igrejas, tanto dos ministros como dos membros. E foi muito mais forte após o reavivamento de 1830-31.


O objetivo desse movimento era acabar com todos os hábitos sociais que, praticamente, envolvessem o uso de bebidas alcoólicas e, assim, assegurar a abstinência individual; primeiro, de bebidas fortes; depois, de todas as bebidas que_ contivessem qualquer quantidade de álcool. Resultado foi que a embriaguez foi materialmente reduzida, houve regeneração de costumes e a quase totalidade das igrejas americanas tomou uma posição definida sobre essa questão. Após dez anos mais de grande prosperidade e intensa atividade comercial, veio, em 1857, uma queda econômica e tempos bastante difíceis.


Logo apareceram sinais de um despertamento religioso nas reuniões de oração, na cidade de Nova York, promovidas pelos leigos. Aqui teve início um reavivamento que se estendeu de Boston até Omaha, e, no Sul, até Washington. Em toda a parte este movimento apareceu como em Nova York: nos cultos de oração dos leigos.


Foi um movimento espontâneo sem organização ou evangelistas notáveis; dependia mais das orações do que de pregações e foi profundo e frutífero no seu caráter e resultados. Centenas de milhares de pessoas convertidas neste movimento se filiaram às igrejas. Os crentes leigos foram impulsionados ao serviço religioso como nunca na história da igreja. As igrejas foram assim fortalecidas para enfrentarem as duras provações da Guerra Civil.


D - 1861-1890

Durante a guerra civil as igrejas do Norte unanimemente apoiaram a causa do governo federal. Foram a isto influenciadas por um motivo novo, a preservação da Unidade Nacional, em adição ao velho motivo da abolição da escravatura. Com base nestas idéias a guerra foi considerada uma luta cujos objetivos estavam em harmonia com a vontade de Deus e portanto devia ter o apoio das igrejas. As igrejas do Sul estavam igualmente convencidas da justiça da causa sulista e prestaram a esta apoio idêntico.


A separação entre o Norte e o Sul motivou unicamente uma divisão eclesiástica na Igreja Presbiteriana da Velha Escola, a qual tinha membros, tanto nortistas como sulistas. Em 1861, o grupo sulista desta igreja separou-se e formou a Igreja Presbiteriana nos Estados Confederados da América, a qual depois da guerra veio a ser a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. Na Igreja Protestante Episcopal as dioceses do Sul saíram da comunhão com as do Norte, mas não houve divisão.


Após a guerra, a nação, no Norte e no Oeste, conseguiu um avanço com um novo e extraordinário poder. Os recursos ilimitados do país, as vastíssimas terras devolutas do Oeste, as urgentes necessidades da vida nacional provocadas pela guerra, as grandes esperanças do povo, combinaram-se para inaugurar uma era de grandes realizações e prosperidade. O pânico de 1873 não alterou o caráter geral desses tempos.


As igrejas participaram das atividades gerais. Foram prósperas no serviço social cristão e para tal tinham a energia espiritual e as riquezas do povo. As próprias igrejas participaram do otimismo geral. Os negros do Sul foram um novo campo em que as igrejas trabalharam ativamente, fundando novas igrejas, escolas e grandes instituições. As missões nacionais floresceram com mais vigor do que dantes, no Oeste, que agora já era o "Oeste-longínquo" (Far-West).


Novos colégios e seminários teológicos surgiam rapidamente. As missões estrangeiras, a partir de 1870, experimentaram um reavivamento mundial que coincidiu com o espírito e prosperidade das igrejas americanas. A união, em 1869, das igrejas Presbiterianas da Nova e da Velha Escola foi um grande estímulo para outras atividades religiosas.


Eram freqüentes os reavivamentos. D. L. Moody estava no apogeu do seu trabalho evangelístico, e as igrejas cresciam em número. Talvez o mais significativo de tudo isto foi o crescimento marcante da liderança e do trabalho leigo. Isto se manifestou de modo especial nas Escolas Dominicais, onde surgiu um grande desenvolvimento do trabalho e a aplicação de novos métodos.


As Associações Cristãs de Moços então organizadas por todo o país, eram muito ativas. As mulheres assumiram uma liderança maior por intermédio das Auxiliadoras Femininas que muito fizeram em prol da causa missionária e outras. O movimento da Mocidade surgiu com a primeira "União de Moços Cristãos Evangélicos", em 1881, a qual, naquela década se desenvolveu muito rapidamente.


E - 1890- 1929

Modificações importantes na vida nacional que ocorreram antes e depois de 1890 afetaram vitalmente a religião e as igrejas. Além disso, surgiram idéias religiosas avançadas. As mudanças na vida nacional foram: um aumento extraordinário de imigração, que desta vez procedeu mais do leste e do sul da Europa do que do ocidente, como se verificara dantes; uma expansão industrial que superou a qualquer coisa jamais conhecida na América; um rápido desenvolvimento das cidades provocado pela imigração e pela indústria e um conseqüente declínio da população rural; o desaparecimento de fronteiras, dificuldade que tinha existido através de toda a história americana; conflitos mais agudos e em maior número entre empregados e empregadores.


As novas condições de vida das populações tiveram um efeito direto sobre as igrejas. Muitas igrejas na cidades, sentindo-se cercadas de pessoas para as quais elas eram estranhas, mudaram-se para outras localidades. Algumas modificaram seus métodos para alcançarem as "pessoas das vizinhanças. Muitas igrejas das vilas e do interior ficaram seriamente enfraquecidas por causa da emigração dos seus membros para as cidades. Ganharam terreno novos métodos de estudos bíblicos e uma nova concepção quanto à inspiração da Bíblia. As ciências naturais, com seus ensinos sobre a origem da terra e do homem, alteraram o pensamento religioso de vários modos.


Apesar desses fatores de desordem, as igrejas protestantes estiveram em grande atividade, a partir de 1890 e nos começos do século XX. As igrejas viam crescer o rol dos seus membros, eram freqüentes as campanhas evangelísticas, o movimento da mocidade estava em plena efervescência, as missões nacionais e estrangeiras avançavam vigorosamente.


Os anos de 1900 a 1915 têm sido chamados a "era das cruzadas", em virtude dos empreendimentos organizados amplamente entre as igrejas, tais como: o Movimento Missionário dos Leigos e o Movimento para o Avanço Religioso, etc. A primeira guerra mundial provocou um declínio das atividades religiosas. Mas as igrejas, como um todo, contribuindo para a causa da guerra, tiraram de transferir para as causas dessa mesma guerra muitas das suas energias.


Logo depois do conflito veio a maior das "Cruzadas", o Movimento Mundial Inter-Eclesiástico. Concebido em vasta escala, este movimento promoveu auxílio adequado a todos os empreendimentos cristãos e oportunidade de serviço cristão onde quer que fosse necessário. Tal planejamento arrojado, porém, não tinha sido delineado sabiamente e por isso resultou em desilusão, por causa da situação de egoísmo que persistiu de 1920 em diante. Não obstante este período de dificuldades, as atividades eclesiásticas seguiram as mesmas linhas e com a mesma força até 1929.


Vários novos aspectos da vida da igreja neste período merecem destaque. O Movimento da Unidade Cristã tornou-se mais forte na América do que no resto do mundo cristão. O Concílio Federal das Igrejas de Cristo na América, organizado em 1908, reuniu a maioria das igrejas cristãs para uma cooperação e desenvolveu a sua influência. Surgiram nos Estados muitas federações de igrejas, como também em certas regiões e cidades. Isto contribuiu para fortalecer a obra interdenominacional.


Houve várias uniões de igrejas, sendo a mais importante a união da Igreja Presbiteriana U.S.A. com a Igreja Presbiteriana de Cumberland em 1906, e a Organização da Igreja Luterana Unida em 1918. As igrejas americanas estavam na liderança do movimento ecumênico.


A partir de 1900, houve um constante crescimento do Cristianismo Social, isto é, uma nova compreensão da parte do povo cristão com relação às condições sociais e econômicas; uma nova concepção acerca dos males sociais; a convicção de que a justiça social era da vontade de Deus e que, portanto, a Igreja Cristã deveria lutar por alcançar aquele propósito.


Isto apareceu claramente numa longa série de declarações sobre questões sociais, "credos sociais" publicados pelas igrejas, começando com as declarações da Conferência Geral Metodista e o Concílio Federal em 1908. Ao lado dessas afirmações houve muito estudo e discussão sobre este assunto, nas igrejas, por meio de publicações de folhetos, jornais e livros. Além disso o trabalho das igrejas no campo social foi muito ampliado. Este movimento foi fortalecido com a Primeira Guerra Mundial e tanto afetou o Protestantismo como a Igreja Católica Romana. Apesar da oposição e dificuldades o movimento prosseguiu até 1929, sempre com maior visão.


O culto tornou-se muito importante em muitas igrejas durante esse período. Formas de culto mais piedosas e atraentes foram introduzidas em larga escala. Em certas igrejas não litúrgicas apareceram fórmulas de oração e manuais de culto. Outro aspecto importante da vida das igrejas foi o grande esforço que realizaram no campo da educação religiosa, que foi ministrada tanto aos domingos como durante os demais dias da semana.


As modificações do pensamento religioso, por volta de 1890, a que nos referimos, deu lugar ao aparecimento de uma teologia liberal, um tipo de pensamento que era verdadeiro quanto ao Cristianismo histórico, mas defendia uma nova concepção quanto à inspiração da Bíblia com relação às novas descobertas da ciência.


Contra estes conceitos surgiu, a partir de 1910, o fundamentalismo, movimento que dava ênfase à exatidão e inspiração literal da Bíblia. Uma controvérsia amarga perturbou o protestantismo americano a partir de 1920, vindo quase a desaparecer em 1935.

Neste período a Igreja Católica Romana continuou a sua marcha. O seu grande crescimento numérico foi de certo modo retardado a partir de 1910, pela restrição da imigração. Mas esta igreja fortaleceu sua organização e desenvolveu sua atividade de todos os modos possíveis. Foram construídos muitos templos e fundadas instituições. Foram grandemente desenvolvidos a obra educativa e os serviços sociais; foi ampliado o número de periódicos e livros. A influência política e social da igreja romana foi firmada.


Durante esse tempo a igreja ortodoxa do oriente, pela primeira vez, tornou-se um elemento considerável na vida religiosa dos EE. Unidos por causa da imigração.
As várias igrejas dessa comunhão mantinham para com as igrejas protestantes uma atitude muito diferente daquela da igreja Católica Romana.


F - 1929 - 1940
Voltando a vista para a depressão de 1929, uma das maiores catástrofes econômicas da história, convencemo-nos de que ela marcou uma etapa decisiva, um ponto revolucionário na vida religiosa. Ainda não podemos ver, com toda a clareza, os resultados daquela desgraça. E os terríveis desastres que têm sobrevindo ao mundo desde então, escurecem nossa visão. Todavia não é difícil observarem-se certos resultados. .As igrejas americanas sofreram uma decisiva diminuição das suas rendas econômicas, redução esta que, de algum modo, tem limitado o trabalho e os planos dessas igrejas.


Vários aspectos do pensamento religioso têm-se modificado profundamente. Há muito menos confiança na capacidade humana para tornar este mundo, melhor, e muito mais confiança em Deus. O movimento de Unidade Cristã está muito mais fortalecido. Esta é a resposta do Cristianismo às dissensões que dividem o mundo. Verificaram-se cinco importantes uniões eclesiásticas: as Igrejas Congregacionais com as Cristãs, em 1931; a Igreja Americana com a Luterana, em 1931; os Ortodoxos com os Irmãos Hicksitas, em 1933; os Evangélicos com as Igrejas Reformadas Alemãs, em 1934; os Metodistas do Norte com os do Sul, em 1939. O Movimento Ecumênico tem sido uma força considerável nos Estados Unidos.


O espírito cristão nas igrejas americanas tem alcançado progresso em duas outras linhas fundamentais. Depois de 1929, os empreendimentos missionários foram, de algum modo, perturbados, tanto nos Estados Unidos como em toda a parte. Houve uma profunda alteração quanto a muitas questões relacionadas com as missões, que vieram afetar os métodos até então adotados.

As forças missionárias têm sido bastante reduzidas por falta de contribuição e os campos têm sido também reduzidos em virtude das grandes guerras que afetaram a vida no mundo inteiro. Apesar de tudo, não se tem verificado nenhum passo atrás no propósito missionário das igrejas. Nem tão pouco há qualquer passo à retaguarda no que respeita às obrigações do cristianismo para com a sociedade.


Há de fato, menos confiança no que o homem no que o homem pode fazer e um sentimento mais forte de dependência de Deus. Há igualmente uma visão mais clara do mal no mundo. Porém, mesmo nos tempos de tragédia e ruína, as igrejas mantêm seu propósito de lutar pela realização da vontade de Deus na vida humana.


BIBLIOGRAFIA

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• Bassett: "Short History of the United States."

Leia também
01 - A preparação para o Cristianismo
02 - O primeiro século
03 - A igreja antiga (100 - 313 A.D)
04 - A igreja antiga (313 - 590 A.D)
05 - A igreja no início da idade média (590 - 1073 A.D.) - PARTE 1
06 - A igreja no início da idade média (590 - 1073 A.D) - PARTE 2
07 - A igreja no apogeu da idade média (1073 - 1249 A.D.) - PARTE 1
08 - A igreja no apogeu da idade média (1073 - 1249 A.D.) - PARTE 2
09 - A igreja no apogeu da idade média (1073 - 1249 A.D.) - PARTE 3
10 - Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517 A. D.)
11 - Revolução e reconstrução (1517 - 1648 A. D,) - Parte 1
12 - Revolução e reconstrução (1517 a 1648 A.D.) - Parte 2
13 - Revolução e reconstrução (1517 a 1648 A.D.) - Parte 3
14 - O cristianismo na Europa (1648 a 1800 A.D.) - Parte 1
15 - O cristianismo na Europa (1648 a 1800 A.D.) - Parte 2
16 - O século dezenove na Europa
17 - O século vinte na Europa
18 - O cristianismo na América


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